Alvo de busca da PF, Cidinho teria tentado “acalmar” Silval

A mando do ministro da Agricultura Blairo Maggi, o senador Cidinho Santos (PR) teria “aconselhado” o ex-governador Silval Barbosa (PMDB) a desistir de delatar esquemas de corrupção em Mato Grosso.

A informação consta na decisão em que o ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou o cumprimento de um mandado de busca e apreensão na residência do senador.

Conforme Fux, a tentativa de demover Silval da ideia de delação teria ocorrido durante uma visita que Cidinho fez ao ex-governador no Centro de Custódia da Capital, no período em que o peemedebista esteve preso.

O argumento utilizado para tentar convencer Silval seria o de que o ex-presidente da Assembleia Legislativa, José Riva, mesmo assumindo participação em esquemas de corrupção no Estado, fora condenado a uma pena de mais de 21 anos de prisão, por peculato e lavagem de dinheiro, em sentença relativa a desdobramentos da Operação Arca de Noé.

Na ocasião, Cidinho também teria prometido a Silval uma ação no sentido de anular a Operação Ararath no Tribunal Regional Federal da 1ª Região.

“Sustenta o MPF que Blairo Maggi teria enviado seu suplente, o senador José Aparecido dos Santos, como emissário de uma mensagem para Silval Barbosa, no presídio onde estava preso”, diz trecho da decisão.

“Cuidar-se-ia de uma promessa de que a Operação Ararath seria anulada perante o Tribunal Regional Federal da 1ª Região, cumulada com um conselho para evitar o caminho trilhado por José Geraldo Riva, que, segundo o Senador, havia confessado crimes, e mesmo assim foi condenado a penas altas” (fls. 26/27)”, afirmou o ministro.

Na decisão, Fux lembrou ainda que o diálogo entre Silval e Cidinho foi gravado pelo ex-governador. O áudio foi entregue ao Ministério Público Federal, em mídia juntada à delação do ex-governador, já homologada pelo STF.

“O Procurador-Geral da República sublinha que a fala final do diálogo indica que José Aparecido dos Santos falava em nome do atual Ministro da Agricultura”, afirmou Fux.

Na decisão em que decretou o cumprimento de mandado na casa de Cidinho, Fux afirmou que pesa contra ele indícios de “cometimento de crime de obstrução de investigação”.

O ministro autorizou ainda o cumprimento de diligências em veículos potencialmente utilizados pelo senador. “Fica autorizada a apreensão de documentos de qualquer natureza e livros contábeis, formais ou informais, recibos, agendas, ordens de pagamento e quaisquer outros elementos de prova relacionados aos ilícitos narrados nesta manifestação, notadamente aqueles que digam respeito à manutenção e movimentação de contas bancárias no Brasil e no exterior, em nome próprio ou de terceiros”, cita a decisão.

Por fim, o ministro Luiz Fux autorizou a apreensão de valores em espécie, seja moeda nacional ou estrangeira, que totalizem valor igual ou superior a R$ 30 mil, bem como outros objetos relacionados aos fatos, que “suscitem suspeita de constituírem produto de lavagem de dinheiro”.

Texto: Mídia News