Esquema de corrupção no governo de MT sonegou R$ 1,4 bilhão em tributos e impostos

Em mais de quatro anos de investigação no âmbito da Operação Ararath, o Ministério Público Federal (MPF), a Polícia Federal e a Receita Federal concluíram que o esquema de desvio de dinheiro público e lavagem de dinheiro por meio de factorings clandestinas sonegou R$ 1,4 bilhão em tributos e impostos, com o aval e participação de membros dos poderes Executivo e Legislativo.

Para chegar a esse número, a Receita Federal fez cálculos com base nas alíquotas de cada imposto não declarado ou não recolhido em cima da operação financeira.

Além de crimes financeiros, o esquema lucrava com licitações fraudulentas e contratos superfaturados para obras públicas, negociações de créditos precatórios e de créditos de impostos estaduais.

Nesse período de investigação, foram realizadas 15 fases da Operação Ararath. A primeira delas foi em novembro de 2013, quando foram cumpridos 11 mandados de busca e apreensão, e a última foi em dezembro de 2017.

Na última fase, a PF e o MPF cumpriram mandados de busca e apreensão no gabinete do deputado estadual Mauro Savi (DEM), que está preso há mais de um mês por suspeita de fraudes no Departamento Estadual de Trânsito (Detran), e na casa do ex-presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT) José Geraldo Riva.

Conforme informações divulgadas em entrevista coletiva nesta quinta-feira (14), a partir de 252 procedimentos fiscais, descobriu-se uma organização criminosa que se valeu de um sistema financeiro paralelo para movimentar bilhões usadas para diversas finalidades, como a corrupção de servidores públicos e financiamento de campanhas eleitorais.

A Receita Federal identificou que o esquema tinha um núcleo principal, composto por políticos e empresários, que, juntos, conseguiam desviar o dinheiro e “branqueá-lo” em favor dos integrantes da organização criminosa, de forma que parecesse lícito.

Os políticos eram responsáveis por fraudar as licitações, firmar contratos superfaturados com empresas e negociar as cartas de crédito, enquanto os empresários operavam, por meio de factorings clandestinas e de postos de combustível, à margem do Sistema Financeiro Nacional.

Conforme os órgãos, o esquema se tornou possível porque houve conluio entre os donos das empresas e políticos que mantinham o sistema do tipo “conta corrente”, em que o dinheiro estava sempre entrando e saindo em uma rotação permanente de recursos. Saiba mais aqui (fonte).

Texto: Lidiane Moraes, G1 MT