Família vai à Justiça para garantir tratamento a garoto com câncer

A Justiça de Mato Grosso determinou o bloqueio de R$ 985 mil das contas do Estado de Mato Grosso e da Prefeitura de Barra do Bugres para o pagamento do tratamento de leucemia de um adolescente de 15 anos.

A determinação foi dada na quarta-feira (17) após diversas intimações por descumprimento de liminar proferida em abril pelo juiz Pierro de Faria Mendes, da 2ª Vara Cível de Barra do Bugres. A ação foi movida pelos pais do adolescente e pelo Ministério Público Estadual (MPE).

De acordo com a mãe do garoto, Hiloilze Garbin, Kaue Celestino luta contra a leucemia há sete anos. Recentemente, ele conseguiu um doador de medula óssea 100% compatível e precisa se curar da doença para poder realizar o transplante.

No entanto, o câncer não está mais respondendo ao tratamento de quimioterapia e agora Kaue precisa de 56 doses de blinatumomab, remédio que custa R$ 985 mil no total.

Para conseguir fazer o novo tratamento, a família entrou com uma ação na Justiça, que determinou que o Estado e o Município pagassem o remédio imediatamente, pois o garoto “corre contra o tempo”.

O Governo realizou o pagamento de R$ 118 mil no domingo (14), porém a Prefeitura não cumpriu com a sua parte, mesmo depois de diversas intimações.

“Em abril, o juiz decidiu a favor do Kaue e ainda determinou que era para fazer o mais rápido possível. Desde então o Município está sendo intimado. Nem vimos essa medicação”, disse a mãe, em entrevista ao MidiaNews.

Para receber a primeira parte do ciclo de tratamento, de 28 doses do remédio, é necessário que os órgãos públicos paguem metade do valor total.

Luta pela vida

Kaue foi diagnosticado com leucemia aos oito anos após uma queda de bicicleta. Ao passar por exames de tomografia e ressonância, os médicos verificaram que o garoto tinha fraturado a coluna.

Mas o que chamou a atenção foi que os ossos eram aerados. Imediatamente foi pedido exame de biópsia e foi constatado que o adolescente tinha leucemia, um tipo de câncer que atinge a medula óssea.

“A gente começou o tratamento no Hospital de Câncer e agora não tem outro jeito a não ser o transplante”, afirmou Hiloilze.

Entre altos e baixos com a quimioterapia, familiares e amigos realizaram uma campanha e conseguiram encontrar um doador de medula compatível. Porém, a doença se agravou sem a devida medicação.

“A quimioterapia não está fazendo efeito para a doença, está agredindo-o cada vez mais, está debilitando ele. A única solução seria este medicamento”, disse a mãe.

Hiloilze relatou estar em uma situação de agonia. Chorando, ela afirmou que a vida do filho está em jogo e ele luta contra o tempo para sobreviver.

“A doença do meu filho está avançando por falta das medicações. É muito difícil. É um momento desesperador. É um dinheiro que eu nunca vi na minha vida. Ele necessita desse medicamento para viver”, disse a mãe.

Ela contou que já pensou em diversas soluções para viabilizar o tratamento, como vender os bens da família, mas isso não seria o suficiente para conseguir o valor total dos remédios. A mãe também disse estar pensando em fazer uma “vaquinha” online porque precisa do dinheiro o mais rápido possível.

“A gente já pensou em todas as formas possíveis. Pensamos em vender casa, vender carro, vender tudo. Mas mesmo assim não dá. É muito dinheiro e é uma coisa que não dá para adiar”, revelou.

Outro lado

Por meio de nota, o Estado de Mato Grosso afirmou que já realizou o repasse de R$ 118 mil para o tratamento do adolescente. Segundo o Estado, ao contrário do valor apresentado na ação movida pelo Ministério Público Estadual, esse depósito seria suficiente para a compra de 28 ampolas. Ele afirmou ainda que a outra metade é de responsabilidade do Município.

A Prefeitura, entretanto, disse que o fornecimento de remédios de alto custo e alta complexidade recai sobre o Estado e a União. O procurador-geral do Município, Luiz Roberto Silva e Taques, disse que ainda não foi identificado o bloqueio das contas da Prefeitura referente ao caso.

A Secretaria Municipal de Saúde ainda disse estar à disposição da família acompanhando o caso e que assumiu a responsabilidade de cobrar o cumprimento da liminar por parte do Governo do Estado.

Texto: Bianca Fujimori/Mídia News