Futuro da Arena Pantanal é disputado na Justiça entre governo e construtora responsável pela obra

Uma Copa do Mundo depois e a Arena Pantanal, em Cuiabá, ainda está com obras inacabadas. O futuro do estádio que foi palco de quatro jogos do Mundial de 2014 está em uma disputa judicial entre o governo do estado e a construtora responsável pela obra.

A juíza Célia Regina Vidotti, a Vara de Ação Civil Pública e Ação Popular de Cuiabá, havia dado prazo de um mês para que o governo do estado e a empresa Mendes Júnior entrassem em acordo para o término das obras.

Para a construção do estádio, foram feitos três contratos, sendo que o mais caro deles com a construtora Mendes Júnior, no valor de R$ 453 milhões, que realizou 98% das obras civis.

Na área de tecnologia, o governo fechou um contrato com a empresa Cle no valor de R$ 110 milhões, para a instalação de telões, catracas e sistema de som e, apesar de 92% das obras terem sido executadas, atualmente, as instalações não funcionam.

O governo do estado está em negociações com a empresa para a finalização dos trabalhos e para retomada dos serviços.

O terceiro contrato foi feito com a Kangu Brasil, no valor de R$ 18 milhões. A empresa ficou responsável pela instalação das cadeiras nas arquibancadas e todo o mobiliário esportivo como bancos de reservas e vestiários. Tudo foi entregue, porém, nem tudo está em perfeitas condições.

De acordo com o secretário-adjunto de Obras, Josemar Araújo, a construção não foi entregue, pois o tempo era curto e a cobrança, grande.

“Houve muita cobrança, muita correria, então houve falha na condução do processo. Mas, de qualquer maneira, o evento aconteceu e a Arena está praticamente pronta”, disse.

Atualmente, a Arena Pantanal está com rachaduras nas paredes, buracos, infiltrações no forro, parte do teto caído, cadeiras quebradas, além das catracas eletrônicas e telões que não funcionam mais.

No estádio também falta segurança. Os vestiários de algumas equipes foram furtados enquanto as equipes jogavam.

Reeducandos que faziam a manutenção da Arena foram flagrados furtando televisores de áreas comuns do estádio.

 

Iniciativas

A falta de público dentro do estádio levou o governo do estado a pensar em soluções para a utilização do espaço de trezentos mil metros quadrados.

Algumas secretarias passaram a funcionar no local, além de uma escola com mais de 400 alunos.

“A escola está dentro do estádio. Como não poderia deixar de ser, todos os problemas que tem dentro da Arena, tem dentro da escola. Mas, de forma geral, a escola está muito bem estruturada”, disse o diretor da Escola Estadual Governador José Fragelli, Marcos Prado.

No entorno da Arena, a população tem usado a criatividade para aproveitar o espaço, que é bastante frequentado. Mas nem todas as iniciativas para dar utilidade ao complexo são vistas como positivas.

De acordo com o presidente da Federação Mato-grossense de Futebol, o estádio deveria ser utilizado para o futebol.

“O legado que ficou é para o futebol, não para outra coisa. Lógico que é multiuso, mas onde? No entorno, não dentro do gramado como eles querem pôr uma rave. O que é isso, gente?”, questionou.

Texto: G1-MT