Gilmar Fabris ofende médico sorrisense e diz que população manteria o hospital

O deputado estadual Gilmar Fabris (PSD) saiu em defesa do Governo do Estado – alvo de críticas devido aos problemas financeiros no Hospital Regional de Sorriso. Após sessão, o político fez um depoimento ofensivo contra o médico Roberto Satoshi, que espontaneamente chorou em entrevista por causa das condições precárias na unidade (veja AQUI). Ele chamou o ex-diretor técnico de ‘mentiroso’ e insinuou que a ‘população pujante’ da Capital do Agronegócio manteria o hospital.

O vídeo com depoimento do deputado (assista AQUI) circula nas redes sociais e tem sido alvo de críticas. Conforme o Portal Sorriso MT noticiou, Roberto Satoshi – que é concursado – não informou que foi “demitido”, mas, sim, que foi afastado do cargo de diretor-técnico após a saída da ex-diretora Lígia Leite.

Porém, em sua declaração, Fabris acusa o médico de ter mentido e fingido o choro para que o caso do hospital sorrisense fosse destaque em rede nacional. “Aquele médico é um mentiroso. Ele falou que foi demitido, mas não foi. Ele não recebeu o salário porque não tinha certidão. Você vê que o choro dele, ele chora um pedaço na hora que a televisão mostra e quando a televisão abaixa acabou o choro, e depois lá vem o choro de novo”.

Fabris também destacou na entrevista que os sorrisenses não deixariam faltar alimentos no Hospital Regional. De fato, apesar da responsabilidade de manutenção da unidade ser do Governo do Estado, a população se mobilizou e fez a doação de alimentos, gás de cozinha, fraldas e outros itens.

“Sorriso é uma cidade pujante, de gente pujante, que, com certeza, jamais deixaria algum cidadão passar fome, imagina no hospital, mas aquilo [entrevista do médico] foi para criar uma notícia nacional. Se está faltando verba, vejam os senhores, ele mesmo disse que o ano passado está tudo pago. Mas nós estamos agora em maio. Quanto que já deu deste mês? Na saúde faltam recursos? Faltam. Precisa de recursos? Precisa. Mas é preciso é ajudar, todo mundo dar as mãos e não fazer o choro daquele mentiroso. Cheguei na minha casa e até a minha minha esposa disse: ‘olha, você viu o coitado daquele médico?’. Mas ele foi infeliz quando disse: nos meus 30 anos de médico não pensei que ia acontecer isso na minha vida. Ele está olhando a vida dele? Pensei que ele iria falar do hospital”, comentou Fabris.

Ao Portal Sorriso MT, o médico Satoshi – que foi elogiado nas redes sociais por denunciar reiteradamente os problemas do Hospital Regional – lamentou a declaração e resumiu: “triste, né? Agora eu sou o malandro e mentiroso?”, questionou. No Facebook e no WhatsApp, internautas criticaram a declaração proferida pelo deputado Fabris.

A reportagem tentou falar com o parlamentar para questionar se cinco meses sem repasses não são suficientes para que os profissionais do hospital entrassem em desespero, já que os fornecedores (sem pagamentos) suspenderam os serviços e a entrega de alimentos e insumos.

Porém, a assessoria de comunicação do deputado disse que faria contato para confirmar se haveria ou não o interesse do parlamentar em conceder entrevista ao PS.

No ano passado, Fabris foi apontado como suspeito em um suposto esquema fraudulento de falsificação de cartas de crédito e alteração de valores em documento de crédito público, dentro da Secretaria Estadual de Fazenda (Sefaz) de Mato Grosso. Na época, o deputado negou a sua participação no crime.

Dívida milionária

De acordo com o que foi apurado pelo PS, a dívida do Estado com o HRS ultrapassa R$ 8 milhões. Nesta semana, a Secretaria de Estado de Saúde (SES) liberou, no dia 22 de maio, R$ 54 mil para pagamento de um fornecedor de alimentos. Em relação ao serviço de lavanderia, o Governo disse que foi feito um acordo com a SES para que o serviço continue normalmente e que até sexta-feira, dia 26 de maio, será pago o serviço.

Porém, o Governo ainda não informou o prazo para que o restante da dívida seja quitada. Apenas disse que, nesta quarta-feira, uma equipe técnica da Secretaria de Estado de Saúde está em Sorriso para fazer um diagnóstico da situação do Hospital Regional local e preparar um plano de ação para manter a unidade funcionando.

Texto: Luana Rodrigues/Portal Sorriso MT