Greve de fome dos presos perde força e João Arcanjo fica de fora

A greve de fome deflagrada por presidiários em Mato Grosso exigindo “melhorias” nas unidades prisionais perdeu força durante os 8 primeiros dias. Das 15 unidades que aderiram ao movimento, 11 já recuaram e somente em 4 delas os detentos seguem recusando os alimentos fornecidos pelo Estado. Nesses locais, eles suspenderam a saída para atividades externas até que tenham suas reivindicações atendidas pelo governo do Estado.

Entre as unidades que seguem parcialmente sem receber a alimentação fornecida pelo Estado estão a Penitenciária Central do Estado (PCE), Centro de Ressocialização de Cuiabá (CRC), Presídio Feminino Ana Maria do Couto May e Cadeia Pública de Várzea Grande.

A PCE, a maior unidade prisional de Mato Grosso, continua “firme” no protesto. Porém, um dos presos “ilustres” não aderiu à greve. Trata-se do ex-bicheiro João Arcanjo Ribeiro que segue sua rotina normal aceitando todas as 3 refeições oferecidas pelo Estado.

Há 2 meses em Cuiabá, Arcanjo ocupa uma cela isolada no rio 5 da PCE. Ele, que já teve o título de comendador, é considerado um detento tranquilo no presídio, sai para as duas horas de banho de sol, uma no período da manhã e outra à tarde, e dedica a maior parte do seu tempo à leitura.

Condenado a mais de 82 anos de prisão por crimes de homicídio, lavagem de dinheiro, formação de quadrilha, evasão de divisas entre outros, o ex-bicheiro apesar de fazer leituras abre mão do benefício de fazer a redação para ter regressão de pena.

Segundo a Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh), João Arcanjo não é o único que não aderiu à greve que tem sido pacífica em algumas unidades.

Porém, do lado de fora familiares de presos têm realizado alguns protestos. Na última quarta-feira (8), mulheres de presidiários interditaram a BR-163, no Km-189, em Sinop (420 km ao norte de Cuiabá) ateando fogo em pneus.

Já em Rondonópolis (212 km ao sul de Cuiabá), familiares de detentos fizeram uma manifestação, na quinta-feira (9), em frente ao Fórum da cidade. Um reforço na segurança foi chamado para conter qualquer princípio de motim. No dia seguinte, houve uga em massa de 26 detentos. Até o momento 10 foram recapturados.

Os detentos reivindicam melhorias na saúde, na estrutura do sistema e novas oportunidades de trabalho. Além disso, também denunciam a superlotação e questionam as transferências irregulares.

Todas as unidades masculinas se encontram acima da capacidade, tendo no total 10.668 homens presos em Mato Grosso, enquanto o quantitativo de mulheres é de 578. Apesar de reconhecer a superlotação, a Sejudh nega a falta de atendimentos de saúde e relata a contratação de novos médicos para a contratação e reposição do quadro nas unidades.

Texto: Gazeta Digital