Imóvel entregue por Sílvio pertence ao ex-governador Silval

O vínculo de fidelidade entre o ex-governador Silval Barbosa (PMDB) e seu ex-chefe de gabinete Sílvio César Corrêa Araújo é tão forte que, até no momento de deixar a prisão, Silval não deixou seu companheiro e comparsa para trás.

O imóvel entregue por Sílvio à Justiça como forma de obter a prisão domiciliar ao invés da preventiva que cumpria no Centro de Custódia da Capital (CCC), na realidade, pertence ao ex-governador Silval.

O imóvel consiste nos lotes 3 e 4 da Rua Amsterdam, quadra 13, no bairro Rodoviária Parque, em Cuiabá, avaliado em R$ 472.916,03.

O terreno é uma extensão de um dos imóveis entregues por Silval como parte do ressarcimento ao erário por seus crimes de desvios de dinheiro público ao longo da gestão, entre 2011 e 2014. Silval entregou para alienação um imóvel localizado nos lotes 1 e 2, quadra 13 da Rua Amsterdam, no bairro Rodoviária Parque, em Cuiabá, com edificação, avaliado em R$ 1.223.207,34.

No local, funciona a Casa de Amparo que atende à população dos municípios que compõem o Consórcio Intermunicipal de Saúde Vale do Peixoto, que são Matupá, Peixoto de Azevedo, Novo Mundo, Guarantã do Norte e Terra Nova do Norte, reduto eleitoral de Silval Barbosa. O local abriga pessoas que precisam vir daquela localidade para Cuiabá devido a tratamentos médicos.

Laços estreitos

Foi naquela região do Nortão do estado que o ex-governador e o ex-chefe de gabinete se conheceram, conforme aponta a decisão da juíza Selma Arruda, da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, baseada em declarações já prestadas por Silval aos investigadores.

Silval e Sílvio se conheceram em Matupá (685 Km ao Norte de Cuiabá), quando o segundo era piloto de avião. Desde 2003, quando Silval se tornou deputado estadual, Sílvio o acompanha como chefe de gabinete, o que se manteve quando ele se tornou governador, entre 2011 e 2014.

O réu, apontado como líder da organização criminosa que desviou milhões dos cofres estaduais, ainda detalhou quais eram as atribuições daquele a quem chama de seu “braço direito”, já que Silval não tinha como acompanhar todas as transações espúrias. A alcunha já havia sido dada pela promotora de Justiça Ana Cristina Bardusco em todas as denúncias que apresentou na operação Sodoma.

“Disse que se trata de pessoa de sua extrema confiança e que recebia diversas missões no interesse da organização criminosa, como arrecadar propinas, realizar pagamentos de dívidas, realizar transações com alguns operadores financeiros, fazer reuniões com empresários, controlar os pagamentos das propinas, já que muitas vezes não conseguia saber de todos os assuntos, sendo Sílvio o seu braço direito tanto nos assuntos lícitos como nos ilícitos”, diz trecho dos autos.

Texto: Gazeta Digital