Jovem é preso por se parecer com criminoso em retrato falado no RS

Um estudante de 21 anos foi preso por engano pela Brigada Militar, em Porto Alegre (RS), por causa da semelhança com o retrato falado de um criminoso suspeito de ter matado um universitário, durante um assalto no dia 15, no bairro São Geraldo. Ele foi detido um dia antes de o verdadeiro suspeito ter sido preso. 

O estudante Jonas Ramos da Luz ficou preso por 24 horas e teve que dividir uma cela com outros três presos. Uma testemunha do crime ajudou a polícia na elaboração de um retrato falado do suspeito, muito semelhante com a imagem do jovem. A semelhança era tamanha, que o próprio Jonas se assustou com a imagem.

“A gente brincou um pouco sobre isso, porque é muito parecido. [Recebi] várias mensagens no whatsapp, ‘te cuida na rua para não ser linchado’. Porque as pessoas gostam de fazer Justiça com as mãos às vezes”, disse, sem imaginar que poderia vir a ser preso. “Mas nunca pensei em me cuidar para não ser preso”, afirmou.

Ele conta que foi algemado, ainda de cuecas, e foi levado para a delegacia, “os vizinhos olhando, filmando tudo”, conta.

No caso de Jonas, além da semelhança física, o pedido de prisão temporária foi reforçado por conta de outra coincidência: ele e a vítima do assalto, o estudante Gabryel Delgado, foram colegas no Exército há dois anos.

Prisão ocorreu após denúncia, diz delegado

O delegado responsável pelo caso não quis se pronunciar sobre a prisão de Jonas, mas disse que a prisão do estudante aconteceu a partir de uma denúncia anônima e que a testemunha também o reconheceu por foto. Todo o mal-entendido só foi desfeito no dia seguinte, quando outro homem foi preso e confessou o crime. Desta vez a testemunha fez o reconhecimento presencial e confirmou que a prisão de Jonas era mesmo um engano. 

A mãe de Jonas, Jani Martins Ramos, relata nervosismo diante à situação. “Foi a noite mais longa da minha vida. A gente não dormiu. Colocavam que o meu filho era assassino, que tinha que ser morto, que ele merece a morte. Eu disse pelo amor de Deus meu filho não é assassino, não é assassino, não julguem antes de vocês terem a certeza, entendeu.”

Jonas ainda não sabe se vai processar o estado. “Bola para frente não é? Tento ir para frente assim: não pensar. Mas é uma coisa que o cara leva assim por um bom tempo.”

Texto: G1