Acusado de esquema de R$ 13 milhões, César Zílio teria falsificado assinaturas do pai já falecido

O ex-secretário de Administração do Estado, César Zílio, preso preventivamente na última sexta-feira (11), acusado de participar um esquema de lavagem de dinheiro de R$ 13 milhões, teria, de acordo com as investigações da Delegacia Fazendária de Mato Grosso, falsificado as assinaturas do pai, Antelmo Zílio, já falecido, para ‘conseguir’ comprar uma imóvel na avenida Beira Rio, nas imediações da casa de shows Musiva.

A ação, aponta a Polícia, teria por objetivo despistar eventuais investigações quanto à verdadeira origem dos recursos.

A apuração faz parte da segunda fase da “Operação Sodoma”, cuja fase anterior prendera o ex-governador, Silval Barbosa, no ano passado.

Segundo consta nos autos da determinação de prisão preventiva, expedido pela juíza da Sétima Vara Criminal, Selma Arruda, que César Zílio teria agido com “argúcia”, isto é, com objetivo calculado, ao falsificar as assinaturas de seu falecido pai, tanto para execução para das supostas práticas criminosas, mediante “indecorosas propostas” para adquirir uma área, quanto posteriormente, a fim de dificultar “a descoberta da verdade”. Diz a integra do trecho:

“Na ocasião queria que José da Costa assinasse um terceiro contrato, no qual constaria apenas os nomes de Antelmo Zílio e Willians Paulo Mischer como adquirentes da área, mesmo diante do fato de Antelmo Zílio já ter falecido em novembro de 2014, ou seja, mais de um ano antes da indecorosa proposta, que foi, por sinal, recusada por José da Costa. Daí, não é demais concluir que, caso a proposta fosse aceita, a assinatura de Antelmo Zílio deveria ser falsificada”.

Segundo as investigações, o homem que teria negado a proposta trata-se de José da Costa Marques, arquiteto que acompanhava a construção da residência de César Zílio, localizada no Condomínio Florais dos Lagos, e que no ano de 2011 teria recebido cheques de emissão da Consignun, entregues por Cesár para saldar a aquisição de materiais de construção utilizados naquela obra. Para a Policia, a aquisição do imóvel visava apenas ocultar a origem ilícita do dinheiro utilizado.

Algumas páginas após, as investigações concluem que o uso indevido do nome do falecido pai não cessa. 

“Além disso, verifica-se que a especial argúcia é visível não apenas no momento de praticar os crimes, mas também a posteriori, quando seus agentes percebem que podem ser desmascarados: elaborou-se contratos fictícios, com valores que não correspondem sequer aos percentuais indicados, fazendo incluir pessoas que não participaram efetivamente das negociações, tudo na intenção clara de dificultar a descoberta da verdade, chegando mesmo a se utilizar do nome de pessoa já falecida, a saber Antelmo Zílio, pai de um dos ora apontados como membros da organização”.

César Zílio é o terceiro ex-gestor de Silval Barbosa (PMDB) a ser preso em um período de seis meses na “Sodoma”. Além dele, os ex-secretários Pedro Nadaf e Marcel de Cursi também foram alvo das investigações, assim como o próprio ex-governador, todos estes já na primeira fase.

Para a Polícia, César é beneficiário de um esquema que empregou que captou recursos das empresas Consignum, Editora Deliz E.P. da Silva ME, EGP da Silva ME, e a mpresa Webtech Software e Serviços LTDA EPP, possibiliantando a lavagem de dinheiro.

Segundo a Polícia, ele lucrava mediante pagamentos realizados por meio de cheques de terceiros que mantinham contratos de prestação de serviços firmados com o Estado de Mato Grosso quando o mesmo exercia a função de secretário de Administração na gestão Silval Barbosa (2010-2014).

Texto: Olhar Direto