Calor afasta ‘fantasmas’ no IML de Cuiabá, dizem servidores

Nem fantasmas enfrentam as condições de insalubridade do Instituto Médico Legal (IML) de Cuiabá, garantem os servidores que atuam no local. A unidade foi alvo de ‘uma brincadeira’, por meio das redes sociais, depois que um vídeo mostrava a ação de um suposto fantasma batendo portas e piscando lâmpadas em corredores desertos. Cenas são registradas por câmeras de um segurança.

O vídeo se tornou viral, quando descobriu-se que os corredores mostrados não são do IML de Cuiabá, mas do Centro de Atenção  Integral à Criança e ao Adolescente (CAIC) na cidade de Araucária, no Paraná.

“Seo” Eurico Lemos Muniz, 60, um dos vigilantes de empresa privada que atua no local, garante que lá não existem fantasmas. Há 14 anos trabalhando no prédio, disse que nunca se deparou com nada suspeito e os outros colegas também garantem que fantasma não tem lá não.

Os funcionários acreditam que o calor intenso seria responsável por repelir qualquer atividade paranormal no local. Somente os servidores aguentam. No setor de protocolo os dois funcionários que atuam em plantões de 24 horas estão há quatro meses sem ar condicionado. A informação que esta semana, após reiteradas reclamações, será reposto o aparelho.

Na recepção famílias de vítimas que aguardam liberação de corpos também enfrentam calor e desconforto de cadeiras danificadas.

O perito Alisson Trindade, presidente do Sindicato dos Peritos Criminais de Mato Grosso, diz que o problema da falta de manutenção é recorrente e não atinge somente a unidade de Cuiabá. Cita a unidade de Alta Floresta (803 km ao norte), que há mais de um ano está com a geladeira para acondicionamento dos corpos estragada. Em Cuiabá, no último final de semana, sete corpos que estavam nas geladeiras foram sepultados, porque os equipamentos ficaram danificados. Uma delas foi recuperada.

Relata que o setor de exames de DNA, na Capital, ficou inoperante por meses, também por falta de ar condicionado. Sem a temperatura adequada, os equipamentos com custo superior a R$ 5 milhões não podiam ser ligados e todo trabalho foi suspenso.

A falta de manutenção dos equipamentos do setor de Perícia Oficial e Identificação Técnica (Politec) do Estado é recorrente. Processos licitatórios falhos não especificam que as empresas contratadas são responsáveis pela compra das peças dos equipamentos.

Com isso, as vencedoras dos processos licitatórios alegam que fazem a manutenção mas o Estado precisa comprar as peças para reposição. Então os equipamentos ficam meses aguardando a compra das peças e manutenção, diz Trindade.

Outro lado – Por meio de nota, a Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesp) informou que realmente em Alta floresta há o problema, contudo deve ser resolvido até a próxima semana. Em dezembro do ano passado passado foi realizada uma licitação para contratação de uma empresa para a manutenção do ar condicionado, contudo, a vencedora não tinha uma certidão obrigatória. Uma nova licitação será realizada este ano.

Texto: Gazeta Digital