Com projeto contra preconceito, fotógrafo quer mudar pensamento da sociedade

Pensando em contribuir com a sociedade e pelo menos amenizar o preconceito existente nela, o fotógrafo de Sinop Henrique Müller idealizou um projeto intitulado Palavras. O trabalho consiste em trazer à tona o sofrimento causado pelo bullying, os efeitos psicológicos em quem o sofre e o quanto isso fragiliza o alvo da maldade, mas que tudo isso pode também ser superado.

Henrique explica que ao ver e saber que seus amigos, ao serem taxados, rotulados, passavam por situações ignorantes, o levaram a querer concretizar o ensaio.

“É uma espécie de desabafo, não só da minha parte, mas pelas pessoas que sofrem, que foram e são taxadas”.

Para ele, ao serem usadas sem inteligência, palavras ferem e causam danos que podem ser irreversíveis. “Às vezes pra você não tem peso, mas para quem é chamado de fútil a vida toda, por exemplo, pode ter um peso muito grande pra ela. Sem saber que ela luta a vida inteira para mostrar que não é assim”, complementa.

Uma pesquisa realizada em abril, com cerca de 540 mil estudantes, mostra que aproximadamente um em cada dez são vítimas frequentes de bullying. 17,5% disseram sofrer alguma das formas de bullying “algumas vezes por mês”, 7,8% disseram ser excluídos pelos colegas; 9,3%, ser alvo de piadas; 4,1%, serem ameaçados; 3,2%, empurrados e agredidos fisicamente.

Outros 5,3% disseram que os colegas frequentemente pegam e destroem as coisas deles e 7,9% são alvo de rumores maldosos. Com base nos relatos dos estudantes, 9% foram classificados no estudo como vítimas frequentes de bullying, ou seja, estão no topo do indicador de agressões e mais expostos a essa situação. A publicação faz parte das divulgações do último Pisa, de 2015, avaliação aplicada pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

O fotógrafo se orgulha de ter levantado a bandeira contra o preconceito tanto contra os LGBTs como para todos os outros tipos de julgamentos. Müller continua seu pensamento e garante que são coisas que aconteceram diariamente com quem participou e representam as milhares de pessoas que sofrem o mesmo. “O foco foram os rótulos, os outros problemas que as pessoas passam”.

A jornalista Tauana Schmidt, que participou do projeto, diz em entrevista que nunca parou para pensar o quanto isso interferiu em sua existência. Ao fotógrafo ela mencionou que a palavra “vagabunda” sempre soou em seus ouvidos.

“Eu ouvi isso muito da minha família, por ter sido à frente do meu tempo e isso incomodava as pessoas, eu não aceitava opressão”, relata.

A partir do convite, Tauana se disponibilizou, mesmo que expondo a intimidade, a ajudar o próximo. Para ela, que é uma formadora de opinião, ser uma fonte de inspiração, mostrar que enfrentou o problema e que é possível superar foi primordial para querer participar. “Para tocar as pessoas e mostrar que é preciso falar sobre isso”.

Trabalho futuro

Devido à repercussão do trabalho em Sinop, Henrique planeja continuar com o projeto e levar para as pessoas outros julgamentos impostos pela sociedade. Em sua fala, ele se emociona e garante que não esperava tanto feedback positivo. “Quem viu o projeto de fora se colocou no lugar de quem sofreu e isso me emocionou”.

Para não cair na mesmice e causar um impacto ainda maior, ele já estuda uma forma diferente de mostrar, outras palavras, outros personagens e sofrimentos. “Tudo para agregar ao projeto”, conclui.

 

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Texto: RD News