Em depoimento, Silval admite que recebeu propina da Consignum

O ex-governador Silval Barbosa (PMDB) confessou, em depoimento prestado à Delegacia Fazendária (Defaz), ter recebido propina da empresa Consignum – Gestão Margem Consignável, como forma de saldar débitos de sua campanha eleitoral.

Os valores giravam em torno de R$ 400 a R$ 450 mil mensais e o pagamento teria iniciado logo no primeiro ano de sua reeleição, em 2011.

A confissão foi feita aos delegados Márcio Moreno Vera e Alexandra Fachone, no dia 1º de junho passado, e é relativa a fatos investigados na 2ª e 3ª fases da Operação Sodoma.

No depoimento, o ex-governador disse se recordar que, após ser reeleito, nomeou César Zílio para comandar a Secretaria de Estado de Administração (SAD, hoje Secreetaria de Gestão), já que ele teria trabalhado na contabilidade de sua campanha eleitoral, no ano anterior.

Segundo Silval, ainda no início de 2011, Zílio o procurou afirmando que a empresa Consignum, que mantinha contrato com o Estado, poderia auxiliar nos pagamentos de despesas de campanha eleitoral, por meio de pagamento de propina.

Após a conversa, Silval permitiu que Zílio negociasse tais pagamentos. “Ficou estabelecido o retorno de R$ 400 mil a R$ 450 mil mensais, sendo que César Zílio me repassava um montante que girava entre R$ 200 a R$ 240 mil mensais – pagamentos efetuados, na maioria das vezes, em espécie”, afirmou Silval, sem detalhar o destino dos demais valores.

Aos delegados, o ex-governador disse que tais pagamentos teriam perdurado por um período de 2 anos e 6 meses. “Os secretários da SAD que ficaram responsáveis em gerir tais propinas, a meu pedido, foram César Roberto Zílio e Pedro Elias Domingos de Melo”, disse o ex-governador.

Riva e propina de R$ 1 milhão

Também no depoimento, o ex-governador Silval Barbosa afirmou que, entre final de 2013 e início de 2014, o então presidente da Assembleia Legislativa, deputado José Riva, o procurou, “de maneira insistente”, para colocar outra empresa no ramo de consignado do Estado.

Segundo Riva, tal empresa estaria disposta a pagar propina de R$ 1 milhão mensal.

“Concordei com os pedidos insistentes do deputado José Riva e iniciei um processo licitatório, visando a contratar a outra empresa para gerir os consignados do Estado. No entanto, a Consignum conseguiu decisão liminar suspendendo o processo licitatório”, afirmou Silval.

Nesse período, segundo o ex-governador, o proprietário da Consignum, Willians Paulo Mishur, tentava, de diversas formas, conversar com Silval, sem sucesso.

Quando finalmente conseguiu contato com o ex-governador – em um almoço na casa de Toninho Barbosa (irmão de Silval) –, Mishur afirmou que gostaria de manter o contrato com o Estado.

“Nessa conversa, ele disse que era importante a renovação de seu contrato, pois ele já havia negociado com Paulo Taques a sua permanência no Governo, no caso da chapa apoiada por Paulo Taques (que era do então candidato Pedro Taques) vencer o pleito”, afirmou Silval.

Diante do “pedido” do empresário, Silval pediu que Mishur conversasse com Riva e se “acertasse” com ele.

“Tomei conhecimento de que Riva combinou com Willians Mischur e Pedro Elias o retorno de R$ 2,5 milhões, fato que acabou ocorrendo no ano de 2014, pelos meses restantes do meu Governo”, disse o ex-governador.

Texto: MidiaNews