Silval assume confissão, mas nega gravações e entrega de ‘parceiros’

Por meio de uma “carta aberta” à população, o ex-governador Silval Barbosa (PMDB) admitiu pela primeira vez que irá assumir crimes atribuídos a ele pelo Ministério Público Estadual (MPE). Porém, ele descartou firmar termo de colaboração premiada, conforme tem sido cogitado nos últimos dias.

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Alvo de cinco mandados de prisão, nas operações Sodoma e Seven, Silval está detido desde setembro de 2015 no Centro de Custódia de Cuiabá (CCC). Diante das sucessivas derrotas na Justiça de responder as acusações em liberdade e até mesmo anular a “Operação Sodoma”, tem-se cogitado nos últimos dias um possível acordo de delação premiada, no qual Silval teria aceitado devolver R$ 70 milhões e entregar provas e novos personagens aos esquemas de corrupção durante o período em que governou o Estado.

Porém, na “carta aberta”, Silval Barbosa confirmou parcialmente as informações divulgadas nos últimos dias. “Após muito refletir e me orientar com minha família, resolvi adotar, a partir deste momento, postura processual diversa. Assumirei minhas responsabilidades perante o poder Judiciário, confessando fatos pontuais naqueles processos que eu realmente tenha praticado ilícitos penais”, diz trecho da carta.

O ex-governador, porém, negou as informações de que esteja prestando depoimento de colaboração premiada. Nos últimos dias, chegou-se a divulgar que o ex-governador teria, além de confessado os fatos, entregado às autoridades gravações comprometendo “pessoas graúdas” no Estado. 

“Não estou fazendo qualquer acordo, nunca procurei o Ministério Público com esse propósito e nunca me foi sequer oferecido qualquer benefício. Também informo que nunca fiz qualquer tipo de gravação, bem como não apontei quaisquer das pessoas já mencionadas em matérias como tendo praticado ilícito”, afirma o ex-governador.

Silval disse, ainda, que faz parte de sua estratégia o silêncio nos inquéritos criminais, mantendo o direito de se posicionar apenas nas ações penais. Nos inquéritos civis, vai continuar prestando os esclarecimentos necessários.

O ex-governador negou que tenha prejudicado os  processos ao “omitir a verdade” durante o período em que é acusado de chefiar uma organização criminosa que desviou uma grande quantidade de recursos do Estado. “Ninguém, absolutamente ninguém, pode dizer que pratiquei qualquer conduta de obstrução. Agora, com essa nova postura, passarei a colaborar com a verdade, exercendo, na maior amplitude, os direitos processuais que me são facultados pela Constituição da República”, finaliza.

Primeira confissão

A primeira confissão pública do ex-governador ocorrerá no próximo dia 16 de maio, quando prestará depoimento na ação penal relacionada à 4ª fase da “Operação Sodoma”.  Neste processo, Silval é acusado de desviar R$ 15 milhões por meio da desapropriação da área correspondente ao bairro Jardim Liberdade.

Do valor desviado, o Ministério Público afirma que R$ 10 milhões foram usados para quitar uma dívida do ex-governador com uma factoring. O restante foi dividido entre outros réus no processo.

Confissão

Ao decidir por “confessar” crimes, o ex-governador adota a mesma estratégia de defesa do ex-secretário da Casa Civil, Pedro Nadaf na “Operação Sodoma”. Neste caso, ele admite a prática de crimes, mas não é obrigado a entregar eventuais comparsas ou provas.

Já na delação, além de colaborar com outras investigações, o ex-governador se comprometeria a devolver uma quantia em recursos, além de poder ter o acordo cumpido caso algum fato “não seja citado nos depoimentos”.

Texto: FolhaMax