Em 10 dias, Mato Grosso teve mais queimadas do que o mês de junho inteiro no Pantanal

O início do mês demonstrou a escalada preocupante das queimadas no Pantanal em Mato Grosso neste ano. Nos dez primeiros dias de agosto, foram registrados 1.074 focos de calor na porção mato-grossense do bioma, número 62% maior do que o contabilizado em julho inteiro, com 662 focos.

O dado também demostra um aumento de 484% em relação ao contabilizado em todo o mês de agosto de 2019, quando foram registrados 184 focos de calor. Os dados são do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e foram reunidos por meio da ferramenta Monitor das Queimadas, lançada em julho pelo Instituto Centro de Vida (ICV).

Os municípios mais atingidos até o momento são Poconé e Barão de Melgaço e o fogo ameaça o maior polo turístico da região, a estrada Parque Transpantaneira e o SESC Pantanal.

“É um cenário bastante preocupante e requer o máximo de esforços para ser mitigado. É enorme o impacto decorrente do que está acontecendo no bioma, tanto em termos da biodiversidade quanto sociais e econômicos”, avalia o coordenador do Núcleo de Inteligência Territorial do Instituto Centro de Vida (ICV) e engenheiro florestal, Vinícius Silgueiro.

Poconé é o sexto município com maior número de queimadas no Brasil no ano e no estado de Mato Grosso lidera com 1.406 focos, dos quais 606 aconteceram apenas nos 10 primeiros dias de agosto.

Queimadas no estado

Líder em queimadas em todo o território brasileiro, Mato Grosso registrou 2.594 focos de calor nos dez primeiros dias de agosto, o que simbolizou um aumento de 7% em relação a todo o mês de julho, com 2.429 focos, e quando iniciou-se o período proibitivo de queimadas no estado.

O número também representa o aumento de 30% em relação ao registrado no início de agosto de 2019. A maior parte ocorreu no Pantanal, com 1.074 focos (41%), seguido da Amazônia, com 936 focos (36%), e do Cerrado, com 584 focos (23%).

No período avaliado, os imóveis registrados no Cadastro Ambiental Rural (CAR) concentram 55% dos focos de calor no estado, seguidos das áreas não cadastradas com 26%. Vinícius ressalta a necessidade de responsabilização das ocorrências para evitar que situações alarmantes se repitam nos próximos anos.

“É importante que sejam empreendidos todos os esforços para identificar a origem do fogo criminoso e responsabilizar quem teve relação com o início dele”, afirma.

As informações sobre as queimadas em Mato Grosso podem ser verificadas no monitor de queimadas do Instituto Centro de Vida, atualizado a cada dez dias com base em dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

Texto: Carlos Gustavo Dorileo/Olhar Direto