Habitação e economia em Portugal em 2025: porque o custo de vida está a subir
Habitação e economia em Portugal em 2025: porque o custo de vida está a subir
Portugal entrou em 2025 com uma realidade económica muito diferente da que existia há apenas cinco ou seis anos. O país continua a atrair investidores, turistas, reformados estrangeiros e trabalhadores remotos, mas ao mesmo tempo enfrenta uma pressão crescente sobre o custo de vida, sobretudo no setor da habitação. O aumento dos preços não é um fenómeno isolado, mas o resultado de vários fatores económicos, sociais e estruturais que se cruzam. Para quem vive em Portugal — residentes locais e estrangeiros — compreender estas dinâmicas tornou-se essencial para planear o futuro.
Panorama económico de Portugal em 2025
A economia portuguesa em 2025 apresenta sinais mistos. Por um lado, o crescimento do PIB mantém-se moderado, impulsionado pelo turismo, pelos serviços, pelas exportações e pelo investimento estrangeiro direto. Por outro, a inflação acumulada dos últimos anos continua a afetar o poder de compra das famílias, especialmente nos grandes centros urbanos como Lisboa, Porto e Algarve.
O mercado de trabalho mostra melhorias graduais, com taxas de desemprego relativamente controladas, mas os salários médios continuam abaixo da média da União Europeia. Esta diferença cria um desequilíbrio estrutural: enquanto os preços da habitação e dos bens essenciais aproximam-se de padrões europeus, os rendimentos da população local crescem a um ritmo mais lento. Este desfasamento é um dos principais motores do aumento do custo de vida em Portugal.
Além disso, a política monetária europeia, com taxas de juro mais elevadas nos últimos anos, impactou diretamente o crédito à habitação, tornando os financiamentos mais caros e reduzindo a capacidade de compra de muitos residentes.

Mercado imobiliário português: evolução recente dos preços
O setor imobiliário é o epicentro da pressão económica sentida em 2025. Os preços das casas em Portugal continuaram a subir, apesar de um abrandamento pontual em algumas zonas. A procura permanece elevada, sobretudo em regiões com boa infraestrutura, clima favorável e acesso a serviços de qualidade.
Lisboa e Porto mantêm-se como os mercados mais caros, mas cidades médias como Braga, Aveiro, Coimbra e Setúbal registam aumentos significativos devido à migração interna e à procura de alternativas mais acessíveis. O Algarve continua a ser fortemente influenciado por compradores estrangeiros, o que sustenta preços elevados tanto na compra como no arrendamento.
Um fator determinante é a oferta limitada. A construção nova não acompanha a procura, devido a processos burocráticos longos, custos elevados de materiais e falta de mão de obra no setor da construção. Como resultado, o mercado torna-se cada vez mais competitivo, pressionando os preços para cima.
Arrendamento em Portugal: escassez e pressão urbana
O mercado de arrendamento em Portugal enfrenta uma crise estrutural em 2025. A escassez de imóveis disponíveis para arrendar, especialmente em zonas urbanas, levou a aumentos expressivos das rendas. Muitos proprietários optam pelo alojamento local ou por contratos de curta duração, considerados mais rentáveis e flexíveis.
As políticas públicas tentaram conter esta tendência, com limites ao aumento das rendas e incentivos ao arrendamento de longa duração. No entanto, os resultados ainda são limitados, sobretudo nas áreas mais procuradas. Jovens, estudantes e famílias de classe média são os grupos mais afetados, muitas vezes obrigados a viver mais longe dos centros de trabalho.
No contexto atual, alguns fatores contribuem diretamente para a pressão no arrendamento:
- Crescimento contínuo da população estrangeira residente.
- Redução da oferta de arrendamento tradicional.
- Aumento dos custos de manutenção e impostos para proprietários.
- Preferência por contratos de curta duração em zonas turísticas.
Este conjunto de fatores cria um ambiente de elevada concorrência entre inquilinos, elevando os preços e reduzindo a estabilidade habitacional.
Custos de vida além da habitação
Embora a habitação seja o principal fator, o custo de vida em Portugal aumentou também noutras áreas essenciais. Alimentação, energia, transportes e serviços registaram subidas consistentes desde o início da década. Em 2025, fazer compras básicas no supermercado tornou-se significativamente mais caro do que há poucos anos.
Os custos energéticos continuam voláteis, influenciados por fatores externos e pela transição energética. A eletricidade e o gás representam uma fatia crescente do orçamento familiar, especialmente no inverno. Os transportes, apesar dos passes sociais em áreas metropolitanas, também sofrem com o aumento dos combustíveis e da manutenção.
Para famílias com rendimentos médios, este cenário exige uma gestão financeira mais rigorosa. A combinação entre rendas elevadas e aumento dos preços dos bens essenciais reduz a margem de poupança e aumenta a sensação de insegurança económica.
Impacto do investimento estrangeiro e da migração
Portugal mantém-se como um destino atrativo para estrangeiros, seja para residência permanente, investimento imobiliário ou trabalho remoto. Programas anteriores de vistos e benefícios fiscais tiveram um impacto duradouro no mercado, mesmo após alterações legislativas.
A chegada de residentes com maior poder de compra influencia diretamente os preços, sobretudo em zonas centrais e costeiras. Embora este fenómeno traga benefícios económicos, como criação de emprego e dinamização do comércio local, também intensifica a desigualdade no acesso à habitação.
A tabela seguinte ajuda a compreender como diferentes fatores económicos contribuem para o aumento do custo de vida em Portugal em 2025:
| Fator económico | Impacto no custo de vida |
|---|---|
| Procura imobiliária estrangeira | Aumento dos preços |
| Oferta limitada de habitação | Pressão nas rendas |
| Inflação acumulada | Perda de poder de compra |
| Taxas de juro elevadas | Crédito mais caro |
| Turismo intenso | Encarecimento urbano |
Como se observa, o aumento do custo de vida resulta da interação entre fatores internos e externos. Nenhum deles atua isoladamente, o que dificulta soluções rápidas e eficazes.
Perspetivas futuras e desafios estruturais
O futuro da habitação e da economia em Portugal dependerá da capacidade de implementar reformas estruturais. Aumentar a oferta de habitação acessível, simplificar processos de licenciamento e incentivar a construção sustentável são passos fundamentais para aliviar a pressão sobre os preços.
Ao mesmo tempo, será crucial promover o crescimento dos salários e a produtividade, aproximando os rendimentos do custo real de vida. Sem este equilíbrio, o risco de exclusão habitacional e de êxodo de jovens qualificados continuará a aumentar.
Em 2025, Portugal encontra-se num ponto de viragem. O país mantém atratividade internacional e qualidade de vida, mas enfrenta desafios profundos no acesso à habitação e na sustentabilidade económica para os seus residentes.
Conclusão
O aumento do custo de vida em Portugal em 2025 é o reflexo de uma economia em transformação, fortemente influenciada pelo mercado imobiliário, pela inflação e pela procura externa. A habitação tornou-se o principal fator de pressão financeira, mas não o único. Compreender estas dinâmicas é essencial para residentes, investidores e decisores políticos. O equilíbrio entre crescimento económico e justiça social será determinante para o futuro do país.