Mãe diz que teve “esperança estilhaçada” com liberdade de garota

Patrícia Guimarães Ramos, mãe de Isabele Guimarães Ramos, morta com um tiro no rosto disparado pela sua ‘amiga’ em 12 de julho, quando tinha 14 anos, no Alphaville, em Cuiabá, afirma estar decepcionada ‘com coração dolorido e esperança estilhaçada’ com a decisão do Tribunal de Justiça em conceder habeas corpus para a autora do crime. Ela ainda contou que busca respostas para o questionamento do filho, que questiona o motivo da ‘assassina da minha irmã está solta’.

Decisão do HC foi proferida na quarta-feira (25), pela 3º Câmara Criminal de Cuiabá, que em vez de optar pela internação provisória da autora do crime, hoje com 15 anos, optou em manter apenas medidas restritivas, como: não sair no período noturno – seja final de semana e nos dias de folga’ e não fazer uso de álcool e similares. Vale ressaltar que o consumo de ‘álcool e similares’ já é proibido para menores de 18 anos.

Após a sentença, Patrícia divulgou uma nota pública afirmando decepção e indignação. “Ao receber a notícia pela mídia, fiquei vagando com meu carro, sem rumo, tentando criar coragem e pensando de que forma eu iria dar essa notícia para o meu filho, que todos os dias me pergunta por que a assassina da irmã está solta”.

Segundo Patrícia, o filho está ‘atravessando por um momento muito difícil pela perda da irmã’. Mas, essa não é a primeira perda que o menino precisa enfrentar. Em 2018, ele perdeu o pai, o médico Jony Ramos, em um acidente de trânsito na Estrada de Chapada. Em entrevista ao GD, Patrícia já tinha declarado o quanto era dificil voltar para casa sem Jony e Isabele.

“Com essa decisão de não recolher a menor que matou a minha filha e ainda sem saber o que dizer, preciso agora que alguém me ajude a dar uma resposta ao meu filho. […] como a minha filha que foi brutalmente retirada de nós, ele também é um menor de idade e precisa e tem o direito que seja dispensado a ele todos os cuidados que este terrível momento exige”, finalizou.

Audiência em andamento

A determinação do HC derruba o pedido pela internação de 45 dias enquanto o procedimento que julga a autoria do crime corre na Justiça. A menor está sendo julgada pelo ato infracional análogo ao homicídio doloso – quando há intenção de matar. A audiência já se encaminha para o final, e o Ministério Público Estadual (MPE) se posicionou pela internação da menor. A decisão será proferida nos próximos dias.

Texto: Yuri Ramires/Gazeta Digital (GD)