Mato Grosso avança apenas 0,002 no Índice de Desenvolvimento Humano

Mato Grosso está entre as 10 unidades da federação (UFs) que aparecem com alto Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM). Porém, seguindo uma tendência nacional, o IDHM estadual, entre 2016 e 2017, apresentou crescimento de apenas 0,002. Entre os referidos anos, o índice saltou de 0,770 para 0,772, ficando abaixo do valor brasileiro que foi de 0,774, em 2017. Já Cuiabá, apresentou queda de -0,010.

Com o valor obtido, Mato Grosso aparece na nona posição do ranking com maior IDHM entre as 27 UFs, a frente de Goiás (0,769) e Mato Grosso do Sul (0,766). Do centro-oeste, o Distrito Federal (DF) teve a melhor colocação: 0,850. Dados como estes fazem parte do Radar IDHM, estudo que detalha os indicadores de desenvolvimento humano no país, nos estados e em regiões metropolitanas. O Radar IDHM foi divulgado nesta última terça-feira (16) e também traz três subíndices: o IDHM Educação (IDHM-E), Longevidade (IDHM-L) e de Renda (IDHM-R).

O índice varia de 0 a 1. Quanto mais próximo de 1, maior o desenvolvimento humano. O objetivo do levantamento é o de estimular a implementação de políticas públicas que contribuam para gerar avanços na realidade social e econômica do país, com redução das desigualdades e ampliação das oportunidades de inclusão social. O estudo é resultado de uma parceria de mais de 20 anos entre a Fundação João Pinheiro (FJP), o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).

No geral, o Radar IDHM para o período 2012 a 2017, obtido a partir dos dados da PNAD Contínua, aponta para uma tendência de avanço do IDHM, como observado na década anterior no país. No entanto, nota-se uma inflexão no ritmo de crescimento devido à diminuição da renda entre 2016 e 2017, que veio acompanhada do aumento da pobreza no país.

Conforme o estudo, quatro unidades da federação aparecem com médio desenvolvimento humano (Pará, Maranhão, Piaú e Alagoas) e três estão inseridas na faixa de muito alto desenvolvimento humano. Neste último caso, são elas: Distrito Federal (0,850), São Paulo (0,826) e Santa Catarina (0,808). Além disso, seis apresentaram redução no IDHM entre os anos de 2016 e 2017.

O Acre (-0,010) e Roraima (-0,006), ambos estados da macrorregião norte, registraram as maiores quedas no índice, respectivamente, seguidos por Rio Grande do Norte (-0,005), São Paulo (-0,005) e Distrito Federal (-0,004). Já Alagoas e Paraná mantiveram os valores inalterados entre 2016 e 2017. As maiores tendências de avanços foram observadas no Amazonas (0,017) e na Paraíba (0,013) o que em termos percentuais representou crescimento de 2,4% e 1,8%, respectivamente.

Em relação ao IDHM-Longevidade, Mato Grosso também apresentou tendência de crescimento e ficou entre as 19 unidades que se encontravam na faixa de valor muito alto desenvolvimento humano. Neste caso, o índice estadual avançou de 0,803, em 2012, para 0,825, em 2017. Já o Maranhão (0,764), Piauí (0,771) e Rondônia (0,776) apresentaram os menores valores e, os maiores, foram obtidos pelo Distrito Federal (0,890), Minas Gerais (0,875), Santa Catarina (0,866) e Rio de Janeiro (0,858).

O resultado mato-grossense também foi positivo em relação aos IDHM-E e IDHM-R, apontados como altos. Em 2012, o índice estadual educacional era de 0,692. Em 2017, foi de 0,758. Já o IDHM-R avançou de 0,733, em 2016, para 0,742, no ano seguinte. Enquanto isso, a evolução do IDHM-R do Brasil, no mesmo período, mostrou uma leve queda de 0,001, o que representa um decréscimo de R$ 7,73 na renda domiciliar per capita média para o país.

COR E SEXO

O estudo mostra ainda que a desigualdade social brasileira não é apenas regional. Os resultados avaliados demostram que o Brasil carrega variações marcantes no que diz respeito aos grupos populacionais. Em Mato Grosso, não foi diferente. Em 2017, o IDHM de brancos era 0,798. Já os de negros de 0,752.

Também há desigualdades quando nos resultados apresentados para os índices de renda, educação e longevidade. Em 2017, o IDHM-E de brancos era de 0,778 e o de negros de 0,748. Já o de longevidade de 0,830 (brancos) e de 0,796 (negros) e o de renda de 0,787 (brancos) e 0,714 (negros). Já com base no IDHM-Ajustado, o índice dos homens é superior ao apresentado pelas mulheres em boa parte do Estados. Este é o caso de Mato Grosso: 0,761 (mulheres) e 0,773 (homens).

Contudo, 15 das 27 UFs possuem valores melhores para as mulheres que para os homens. Com exceção de Rondônia, esse comportamento é observado em todos os estados das regiões norte e nordeste. Em Alagoas esse índice é de 0,710 (mulheres) e 0,650 (homens).

REGIÕES METROPOLITANAS

De 2016 a 2017, o IDHM apresentou tendência de avanço em onze regiões metropolitanas (RMs) analisadas. As maiores tendências de aumento foram observadas na região de João Pessoa (0,021), de Manaus (0,019) e na Ride Grande Teresina (0,018). No entanto, oito registraram redução no índice entre os dois anos analisados, com destaque para as RMs de Natal (-0,017), Cuiabá (-0,010) e São Paulo (-0,007). Dentre as RMs avaliadas, Vitória (0,002) e Rio de Janeiro (0,001) apresentaram os menores avanços.

Na região metropolitana do Estado, o IDHM caiu de 0,799, em 2016, para 0,789, em 2017. Já em se tratando do índice referente a longevidade saltou de 0,779 para 0,806, no mesmo período. O IDHM Educação também saiu de 0,734 para 0,811; e o de renda de 0,753 para 0,751. Já referente a cor, o IDHM de brancos foi de 0,824 e de negros 0,774, na capital.

Texto: Joanice de Deus/Diário de Cuiabá