Mato Grosso não tem estoque de vacinas contra H1N1

Mato Grosso conta apenas com 15% das doses necessárias para a Campanha Nacional de Vacinação contra a Influenza, prevista para começar na segunda-feira (23). Em meio a pandemia mundial do coronavírus (Covid-19), presidente do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde de Mato Grosso (COSEMS/MT), Marco Antonio Norberto Felipe, afirma que o temor é não conseguir cumprir a meta e causar tumultuo na população, devido ao baixo estoque. Marco confirma que das 310 mil doses esperadas para o Estado, apenas 72 mil chegaram até quinta-feira (19). O número também foi confirmado pela Secretaria de Estado de Saúde (SES).

Nesta primeira fase de vacinação, o público alvo são idosos e profissionais da saúde. No entanto, o presidente do COSEMS frisa que as doses disponibilizadas não cobrem sequer os profissionais da saúde. Marco salienta que os municípios reconhecem que o Ministério da Saúde vai mandar as novas doses. No entanto, até essas vacinas chegarem ao Estado e serem distribuídas às cidades demanda tempo. A expectativa é que a falta das doses seja sentida nos primeiros dias da campanha, já que, por conta do coronavírus, mais pessoas procurarão os postos. A recomendação do Conselho é que os municípios criem estratégias até as novas doses chegarem. “Não sabemos quando efetivamente vai chegar. Penso que não deveria ter este anúncio do início sem que o estoque tivesse em 100% nos Estados”, diz.

A pandemia do coronavírus e a falta de vacinas para gripe, até mesmo na rede particular, começa a trazer preocupação à população. Pacientes relatam que desde a semana passada iniciaram a busca pela imunização contra influenza nas redes particulares, sem sucesso. A reportagem entrou em contato com quatro clínicas de imunização sobre a disponibilidade da vacina, mas também não teve resposta positiva. As empresas alegam a alta procura que esgotou as doses. Por outro lado, destacaram que o pedido para abastecimento foi feito, mas o carregamento ainda não tem data para chegar.

Heloise Peres, 32, diz que o temor é em relação aos dois filhos, um de 6 e outro de 4 anos. A contadora afirma que tem procurado as clínicas em busca da vacina, mas que não logra êxito. Heloise frisa que imunizar contra a influenza já é um hábito da família, reforçado ainda mais com a pandemia do coronavírus. “Procuro sempre proteger a toda minha família. Acho que os locais da vacinação tinham que se adequar à necessidade”, frisa.

Thais Fernanda Medeiros, 45, conta que a vacina também compõem a caderneta todos anos. Mas a busca para a mãe, de 68 anos, intensificou devido ao coronavírus. Thais afirma que preferiu não esperar a abertura da campanha e decidiu, na rede particular, custear a imunização da mãe, que está no grupo de risco. “Ela sempre vacina nas campanhas, mas preferi antecipar, no entanto, não encontrei. Vou continuar tentando porque sei que vai ser um alvoroço”, complementa.

Campanha

No dia 9 de março o governo federal anunciou a antecipação do calendário da vacina contra a gripe. A imunização, que iniciava no mês de abril, passou para o dia 23 de março. Primeiro serão vacinados os idosos e os trabalhadores de saúde que atuam na linha de frente do atendimento à população. A decisão, segundo a pasta, é uma medida de proteção a esses públicos, em especial aos idosos, já que a vacina é uma proteção aos quadros de doenças respiratórias mais comuns que, dependendo da gravidade, podem levar a óbito. Outra ponto destacado para antecipação é para evitar que as pessoas acima de 60 anos, público mais vulnerável ao coronavírus, precise fazer deslocamentos no período esperado de provável circulação do vírus no país.

Na segunda fase da campanha, que começa dia 16 de abril, entram professores, profissionais das forças de segurança e salvamento, além de doentes crônicos. A partir de 9 de maio, Dia D de vacinação, serão vacinadas as crianças de seis meses a menores de seis anos (5 anos, 11 meses e 29 dias), pessoas com mais de 55 anos, gestantes, mães no pós-parto (até 45 dias após o parto), população indígena e portadores de condições especiais. A campanha seguirá até o dia 23 de maio.

Outro lado

Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso destacou que a campanha de vacinação vai começar no dia 23 de março em todo o território nacional, mas os Estados têm autonomia para iniciar a campanha em outra data. No entanto, Mato Grosso optou por começar a vacinação juntamente com a data definida pelo Ministério de Saúde. A pasta confirmou que a meta estadual de todos os grupos prioritários é de vacinar mais de 979 mil pessoas. E que para primeira fase da campanha foram disponibilizadas 73,2 mil doses da vacina.

“Todos os escritórios regionais receberam a vacina, no entanto o Estado recebeu apenas 15% das doses esperadas”, frisa a SES. O Ministério da Saúde foi procurado para posicionamento, mas informou, por meio da assessoria, que nesta sexta-feira (20) está agendado o lançamento oficial da campanha, momento em que as informações serão repassadas.

Texto: Aline Almeida/Gazeta Digital (GD)