MÚSICA Thiaguinho MT, dono do hit “Tudo Ok”, conta que compôs a música por causa de um tweet gay

Se você ainda não viu memes de Neymar, Bruna Marquezine, Anitta e Luana Piovani ao som de “Cabelo ok, marquinha ok, sobrancelha ok, a unha tá ok, brota no bailão, pro desespero do seu ex” ou você vive em Marte ou andou dormindo por muito tempo. O funk “Tudo Ok” de Thiaguinho MT em parceria com Mila e JS O Mão de Ouro caiu nas graças do público e tornou-se o hit do verão. “Não tenho palavras para descrever o sucesso que ‘Tudo OK’ está fazendo. Eu fico muito feliz quando qualquer pessoa me marca cantando ou dançando a música”, comemora o funkeiro, que começou sua carreira cantando Proibidões na Furacão 2000.

Em pouco tempo a música entrou no TOP10 do Brasil no Spotify e está em 1º lugar das Mais Virais da plataforma. Lançada em novembro de 2019, “Tudo OK” possui duas versões oficiais: uma com a cantora Mila, no estilo arrocha funk; e outra com Márcia Fellipe e Henry Freitas, adicionando à batida sonoridades do forró. E a grande diferença do hit para outros, segundo o funkeiro, é a empoderamento feminino e um não à masculinidade tóxica na letra.

“A inspiração dessa música veio de um tweet que eu vi de um gay empoderado falando que o seu ex ia pagar por todo o mal que tinha feito a ele. Achei divertido a forma que ele escreveu sobre o seu cabelo estar OK e que estava pronto pra chegar na noitada. Eu guardei essa história porque achei maneira, e escrevi pensando tanto para um homem quanto para uma mulher. A música não tem gênero, e independentemente de qualquer escolha ou sexo, o que vale é a gente saber superar as rasteiras da vida” explica Thiaguinho.

Além dessas questões de empoderamento, a canção faz uma conexão direta com os ‘challenges’ de maquiagem que brotaram no Brasil. Por isso, a música, lançada em novembro, tem crescido organicamente nas pistas e nas plataformas digitais – já são mais de 120 mil playlists no Spotify.

Você escreveu uma música baseada no tweet de um gay, mas o preconceito dentro do funk ainda é muito forte, principalmente entre os funkeiros homens. Como foi essa decisão de enfrentar a discriminação (mesmo sendo um homem hétero) dentro do gênero musical ao fazer uma música que conversa com todas as pessoas?

Eu fico muito triste em termos que debater o preconceito ainda. Para mim, é coisa de pessoa ignorante. É um absurdo alguém ser discriminado por orientação sexual, cor, gênero… Pessoas são pessoas, todo mundo tem o direito de amar e ser feliz! A gente tentou fazer a diferença no detalhe. Uma coisa que ninguém repara no clipe oficial é que, na pista de dança, tem gente de tudo o quanto é tipo. E está Tudo OK nisso, sabe?! Temos que respeitar. 2020 e ainda ter preconceito não dá, né?

Como se sentiu quando viu sua música sendo compartilhada por nomes como Anitta, MC Rebecca e Bruna Marquezine? Qual foi seu primeiro pensamento?
A primeira coisa que fiz foi agradecer! Não tenho palavras para descrever o sucesso que Tudo OK está fazendo. Eu fico muito feliz quando qualquer pessoa me marca cantando ou dançando a música.

Como começou no funk?
Eu comecei a carreira em 2013, cantando na Furacão 2000. Seguia mais a linha do funk proibidão nesse início, que me fez ganhar espaço pouco a pouco.

Qual foi seu maior desafio até aqui?
Muito difícil pensar em qual o meu maior desafio. Eu prefiro pensar que tenho metas na vida, as quais eu me desafio para conquistar. A principal dessas metas é manter minha família bem e estável financeiramente.

Você vai fazer uma turnê pela Europa. Como estão as expectativas?
A turnê está sendo remarcada por conta dos trabalhos que vou fazer aqui no Brasil. O Carnaval está chegando e Tudo OK está no topo! Vou ficar, por enquanto. A viagem ainda não tem data para acontecer, mas eu tô muito ansioso para ver a recepção da música lá. Estamos em primeiro lugar na lista das Mais Virais de Portugal, no Spotify! Quero muito ver isso de perto!

Como é sua relação com os fãs? Recebe muitas cantadas de homens e mulheres? Como encara isso?
Eu gosto muito da minha relação com os meus fãs, pois eles interagem muito comigo no Instagram. Mandam vários vídeos ouvindo minhas músicas, torcem por mim e ficam sempre ansiosos pelos próximos lançamentos. Ah, sempre tem alguém que vem e joga umas cantadas, mas eu levo tudo na brincadeira.

Texto: Quem/Globo