Sorriso será tema de escola campeã de 3 dos últimos 6 carnavais do Rio de Janeiro; confira sinopse

“Semeando Sorriso, a Tijuca festeja o solo sagrado”. Esse será o tema de uma das maiores campeãs da atualidade do Carnaval do Rio de Janeiro, a Unidos da Tijuca, que falará do município mato-grossense de Sorriso, com enfoque no agronegócio, em 2016. A sinopse, material poético base para construção de todo desfile, já está pronto.



“O homem do campo

Ara a terra,

Com bravia devoção.

Planta, cultiva feito as

Flores que colorem

Esse chão.

Tudo verdinho e brotado,

Alimenta tua família

Com os frutos do meu roçado”.



Para essa construção, os quatro carnavalescos da escola de samba, Mauro Quintaes, Annik Salmon, Marcus Paulo Oliveira e Hélcio Paim, – que substituíram o tricampeão Paulo Barros desde o carnaval e 2015 – já viajaram pelos recantos do município, conheceram de perto atividades agrícolas, a pecuária e a criação de peixes.



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Ainda não há informações se a Escola vai receber patrocínio da Prefeitura de Sorriso ou do empresariado local. Em 2013, Cuiabá foi tema do desfile da Estação Primeira de Mangueira, pelo custo de R$ 2 milhões, pagos com recursos públicos de Cuiabá, pago pelo então prefeito Chico Galindo. Atualmente, o contrato passa por  auditagem no Tribunal de Contas do Estado (TCE) e na própria prefeitura. 



A Unidos da Tijuca venceu três dos últimos seis carnavais do Rio de Janeiro, em 2010, 2012 e 2014. Contudo, todos foram sob o comando de Paulo Barros, carnavalesco que se tornou conhecido pelas inovações nos desfiles, especialmente nas comissões de frente. Atualmente, ele prepara o carnaval de 2016 da Portela, depois de ficar em 7º colocado ao comandar a Mocidade em 2015.



Já a comissão carnavalesca da Tijuca ficou com o 4º lugar em 2015, além de ter assegurado o Estandarte de Ouro de melhor bateria. Na ocasião, a escola homenageou o falecido carnavalesco suíço Clóvis Bornay e seu país natal.



Confira abaixo a sinopse na íntegra:


Enredo: “Semeando sorriso, a Tijuca festeja o solo sagrado”

Ouço um tremor!
A noite anseia pelo dia,
Dia que, teimosamente,
Demora, pois traz a vida
Dos véus da sabedoria…
Pelo meu corpo desnudado,
Minhas entranhas o selariam:
Esculpido no barro, o homem nascia.

Homem da Terra,
Filho da mata virgem.
Envolto às minhas espécies,
Que se abrem à tua passagem,
Percorre essa amorosa via-terra-fêmea
E reconhece-te nessa paisagem.
Germina a semente do teu ser,
A coragem e o saber
Ao vulto de uma pátria mãe gentil.
Debruça sobre a terra,
Fremindo a candura ardil
Da arte agrícola,
De uma terra abençoada,
Chamada Brasil.

Entre os raios de sol,
Semeia o ciclo sagrado da natureza.
Desvenda meus mistérios,
Tanto do solo quanto hídricos,
Segue a tua lida,
Entremeando meus frutos,
À essência da vida.

E a prosa segue entrosada
Rumo à lavoura,
Na beira da estrada.
O sol a pique,
Brota o suor,
Mãos calejadas
Ao manejo da enxada.

O homem do campo
Ara a terra,
Com bravia devoção.
Planta, cultiva feito as
Flores que colorem
Esse chão.
Tudo verdinho e brotado,
Alimenta tua família
Com os frutos do meu roçado.

Meu matuto sonhador,
Já é tarde!
Brilha a luz na portinhola,
Crê nas palavras de Deus
Nosso Senhor,
Rima-te a essa poesia de amor…
E nas modas de viola
Canta a vida do interior.

Na minha intimidade,
Volto ao meu ser.
Espalho minhas cores,
Polinizadas de saber.
Atraídos pelo néctar
São muitos os insetos a me envolver,
Num ato simbiótico,
Renovando o meu florescer.

Chegou a hora!
Tu que me foste zelador:
Agora, segue na linha do tempo
E mostra ao mundo teu valor.
Pinta minha terra,
Em forma de um mosaico encantador.
Tua arte é a agricultura
E, o teu ofício, agricultor.

E eu digo amém,
Só de pensar
Que a criatividade humana
Vai além.
Reside na sutileza,
Na expertise rural e
Desvenda os segredos da natureza
À questão ambiental.

Mas sem rodeio e sem aresta
A praga te insulta,
Ameaça e te espreita.
Mas não te acanhes,
Tu conheces a receita.
Trava uma batalha,
Munido de insumos naturais,
Luta e peita…
Salva a tua colheita.

Uma poeira no pé de vento
Sopra a prosa de um novo
Empreendimento:
Fértil em tuas plantações,
Polinizada pela tecnologia
E por sustentáveis inovações.
Cuidadosamente, aviso:
É um tal de agronegócio,
Não tem nada de improviso.
É uma séria “capital”,
Que do mundo rural,
Se chama “Sorriso”.

Contudo,
O trabalho árduo
Te afaga.
Não falha.
A agricultura sustentável
Cria a tecnologia do
“Plantio direto na palha”.
Semeando “sorriso”
Corre chão
Para tudo mais que o valha,
Planta o grão.
Sem gradagem e aração
À saúde da plantação.

Segue, Homem da Terra,
A tua saga comunitária.
Desbrava os recursos dos
Peixes, gados e suínos…
Mede essa “extensão agrária”
E escreve a história da
Tua agropecuária.

Terra farta,
Gente feliz.
Semeia tua alegria
Que se manifesta
Em ritos de poesia:
Entre palmeados da “catira”,
Passos da “caninha-verde”
Ao cortejo da folia.

Entre teus sonhos e desejos,
Sou eu – a Mãe Natureza –
A luz de tua inspiração.
Sou eu a festança e a cantoria,
Dos “brasis” que correm esse chão.
Sou eu o fruto da vida,
Um infinito ser abençoado,
Que pelo teu talento
Para sempre serei lembrado:
“Semeando Sorriso, a Tijuca festeja o solo sagrado”.

Referência Bibliográfica:
ALBERTO, de C. Alves. A Terra na Terra.
ARAUJO, Alceu M. – Folclore Nacional. São Paulo, Ed. Melhoramentos, 1964, 3 vols.
____________. Cultura Popular Brasileira. São Paulo, mec/inl, 1973.
SZMRECSÁNYI, Tamás. Pequena história da agricultura no Brasil. São Paulo, Contexto, 1997.
VEIGA, José Eli da. O desenvolvimento agrícola: uma visão histórica. São Paulo, EDUSP/Hucitec, 1991.

Departamento de Carnaval: MAURO QUINTAES, ANNIK SALMON, HÉLCIO PAIM E MARCUS PAULO
Diretor de Carnaval: FERNANDO COSTA
Historiador-Enredista: MARCOS ROZA

Texto: Olhar Direto