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Delator revela que ex-secretário de Educação pegava dinheiro ‘por fora’
Os empresários Giovani Guizardi, dono da Dínamo Construtora e Guizardi Júnior Engenharia, e Luiz Fernando Rondon, dono da Luma Construtora, prestaram depoimentos nesta terça-feira (30) à juíza Selma Rosane Santos Arruda, na 7ª Vara Criminal, na ação penal decorrente da operação Grão Vizir, desdobramento da Operação Rêmora, que apura suposta organização criminosa montada para fraudar licitações de obras da Secretaria de Estado de Educação, Esporte e Lazer (Seduc), durante o atual governo.
Diante da juíza e do Ministério Público Estadual (MPE), Guizardi reafirmou 75% dos valores arrecadados em propina no esquema eram distribuídos para o empresário Alan Malouf, dono do Buffet Leila Malouf, para o então secretário de Educaç]ão, Permínio Pinto (PSDB) e para o deputado estadual Guilherme Maluf (PSDB). O empresário detalhou para a magistrada que conseguiu arrecadar R$ 1,2 milhão no esquema. No entanto, parte do dinheiro foi paga diretamente a Permínio pinto. Contou ainda que o então secretário arrecadava por fora no esquema.
Guizardi e Rondon são considerados os operadores do esquema de corrupção e firmaram acordos de colaboração premiada com o Ministério Público Estadual (MPE) que foram homologados pela Justiça. Conforme as investigações, era Giovani Guizardi que, a mando do empresário Alan Malouf, teria realizado uma série de cobrança de propina junto a empreiteiros que queriam firmar contratos com a Seduc. Já Luiz Fernando Rondon é apontado como coordenador do cartel que foi formado entre os empreiteiros para conseguir “lotear” as obras objeto de licitações da Secretaria.
Guizardi abriu o depoimento afirmando que o esquema de cobrança de propina e direcionamento de obras foi herdado do governo passado onde Ricardo Sguarezi já cobrava propina dos empreiteiros. Diz que quando mudou o governo, esse esquema deu uma esfriada.
Relatou que como era próximo do empresário Alan Malouf e tinha financiado a campanha do atual governador Pedro Taques (PSDB) e queria trabalhar dentro da Seduc, ele pediu para Alan lhe apresentar ao então secretário de Educação Perminio Pinto (PSDB) que também foi preso na operação e hoje responde ao processo em liberdade.
Guizardi conta que foi apresentado a Permínio Pinto durante uma reunião, em que demonstrou o interesse em trabalhar na área civil, porque até então só havia atuado na área de pavimentação. Permínio lhe disse que no momento não tinha previsão de obras, além de algumas reformas, mas lhe perguntou se ele tinha knowhow e Guizardi disse que não, mas que iria buscar isso no mercado.
Em seguida, Guizardi foi direcionado ao servidor Wander Luiz dos Reis, também preso na Operação Rêmora, que atendeu Giovani Guizardi na Seduc para tratar sobre obras.
“Passou-se mais algum tempo, eu voltei no Wander novamente uns 30 dias depois. Ele perguntou se iria sair algum edital e Wander lhe informou que até o momento não. Giovani expôs que havia financiado a campanha e que precisava ter um retorno”, relata.
Foi então que Wander disse que somente Giovani Guizardi não estava tendo retorno porque Ricardo Sguarezi já havia antecipado 5% de valores a Permínio Pinto, bem como o Leonardo, da Argelli Engenharia também havia antecipado cinco cheques de R$ 30 mil cada em agiotagem de R$ 3 milhões para pagamento de gráfica.
Com essa informação, Giovani afirma que foi até Alan Malouf e contou o que estava acontecendo. Alan teria ficado assustado porque não sabia que Permínio Pinto estava agindo de tal forma. Foi quando Giovani disse que tinha como fazer algo mais organizado, com um grupo menor de empresas, sem ter que se digladiar e que todos pudessem trabalhar, mediante uma contrapartida.
Alan Malouf não teria gostado da ideia, no primeiro momento. Depois de algum tempo, Giovani voltou a conversar com Alan malouf e disse que o leque de construtoras pagando valores a título de propina na Seduc já havia aumentado. Foi quando Alan Malouf concordou em fazer um grupo.
“Foi quando montou-se uma organização criminosa”, disse Guizardi diante da juíza Selma Arruda. Nesse grupo político, segundo ele, havia pessoas como o deputado federal Nilson Leitão (PSDB), o secretário Permínio Pinto e o deputado estadual GuilehermeMalouf (PSDB).
Segundo o delator, o empresário Esper Haddad não acreditou que Giovani Guizardi era realmente o que dizia ser. Ou seja, o coordenador do grupo criminoso e procurou confirmar tal informação com o próprio Permínio Pinto. Na versão de Guizardi, Permínio confirmou a situação e, a partir disso, passou a integrar o esquema.
O empresário detalha para a magistrada que conseguiu arrecadar R$ 1,2 milhão. no esquema. No entanto, parte do dinheiro foi paga diretamente a Permínio pinto, segundo ele. Garante foi nessa situação que ficou sabendo que Permínio pegava ‘dinheiro por fora’ da organização.
Selma Arruda pergunta sobre a participação do empresário José Pena no esquema. O delator diz que foi muito pequena porque ele não tinha obra. Apenas ligou várias vezes para pagar propina, ocasião em que filmou a entrega do dinheiro para denunciar o caso ao Ministério Público.
Eder Alberto Francisco Meciano é o proprietário da Geosolo, que segundo Giovani, estava no grupo de operações da divisão de obras e que também lhe pagava propina. A juíza começa a citar os nomes dos empresários réus na ação. Alguns Giovani diz que apenas pagavam propina, outros não pagaram porque não tinham conseguido obras ou não tiveram qualquer negócio com ele.
Propina para grupo político de Guilherme Maluf, Alan Malouf e Permínio Pinto
O delator afirma em juízo que Permínio Pinto estava no esquema representando o deputado federal Nilson Leitão. “A informação eu eu tinha era essa. Mas, toda vez que pegava dinheiro, tinha que mandar pra Sinop”, revela. “Eu entregava os 25% do Guilherme pro Alan, eu nunca entreguei nada pro Guilherme”, afirma em seguida.
O advogado Huendel Rolim questiona Giovani Guizardi a respeito de ameaça que ele teria sofrido de Alan Malouf. Ele responde que houve fofoca da mídia sobre o caso e que ele e sua esposa jamais foram ameaçados pelo empresário, que é primo de sua esposa Jamille.
Luiz Fernando da costa Rondon
Em seu depoimento o empresário Luiz Rondon diz que seu contato sempre foi com o Giovani Guizardi. Conta que nas vezes que fiu na construtora de Giovani, sempre via o Edézio na recepção, mas nega que tenha tido qualquer negociação ou reunião com o mesmo. O delator nega que tenha tido algum contato com Alan Malouf.
A juíza pergunta como Rondon foi parar no meio do esquema. Ele diz que primeiro foi abordado por Fábio Frigeri, que é ex-assessor especial de Permíinio Pinto. Foi Frigeri que encaminhou Rondon até Giovani guizardi, momento que segundo ele, foi extorquido para que pagasse propina.
Revela que sua empresa, a Luma Construtora possuía créditos para receber do Estado referente a obras anteriores já executadas. Rondon revela que se reuniu com outros empresários insatisfeitos por terem que pagar a propina a Guizardi pois quando disseram que não queriam pagar a vantagem indevida, começaram a ter problemas para receber o que a Seduc lhes devia.
Após debater com os empreiteiros, Rondon propôs a Giovani Guizardi que a propina caísse de 5% para 3,5%. Revela que na reunião estavam presentes cerca de 15 empresários do ramo da construção civil.
Segundo o delator, quando foi solicitada a redução da propina de 5% para 3,5%, Guizardi lhe disse que tinha que ver com outras pessoas, sem citar quem eram. Depois de alguns dias, eles retornaram a se encontrar, quando Giovani autorizou a redução do valor da vantagem indevida.
Segundo ele, Giovani exigiu que sempre que houvesse algum pagamento da Seduc, os empresários deveriam repassar a propina pois caso contrário não receberiam a próxima medição. Os empresários fizeram uma reunião na sede da Geotop, em que o cartel pré-definiu como seria a divisão das obras. O critério adotado seria por região geográfica. Com relação a Alan Malouf, o delator diz que não pode dizer nada porque para ele, era uma figura que não existia, já que nunca foi citado por Giovani Guizardi.
Texto: Gazeta Digital