Jovem sem braços de Cuiabá usa os pés para escrever e até fazer maquiagem

Uma jovem de 20 anos, que nasceu sem os dois braços por conta de uma malformação, supera os limites e sonha em se tornar uma psicóloga. A história de Kerolly Ketluin de Souza, que mora no Bairro Jardim Fortaleza, em Cuiabá, foi contada em uma reportagem nesta sexta-feira (27).

Lucinéia Maria de Souza, que é mãe de Ketluin, antes de engravidar, teve contato com uma droga usada para tratamento de hanseníase. O medicamento teria provocado a malformação. Além dos braços, a menina, que a caçula da família, também nasceu sem o útero.

Ketluin mora com os pais, uma irmã e três sobrinhos. A garota é alegre e tímida. Fica a maior parte do tempo no quarto lendo ou mexendo no computador. Ela usa os pés para atividades diversas, desde digitar, escrever, usar o celular e até passar maquiagem usando pincéis.

A mãe diz que ficou surpresa e ao mesmo tempo desesperada: a filha nasceu muito frágil, pequena e pesando apenas 800 gramas. “Ela é nosso milagre pela capacidade e força que tem. É bastante independente”, revelou Lucinéia.

Ela lembra uma das primeiras vezes em que viu a filha ‘se virando sozinha’ usando os pés para executar serviços ou atividades em casa. “Eu levantei um certo dia de manhã e senti o cheiro de café. Fui na cozinha e lá estava ela sentada no chão com a garrafa de café, coando o café. Eu travei, fiquei quietinha. Depois que ela terminou e tampou a garrafa, eu falei ‘te peguei!’, ai ela disse ‘a senhora estava demorando pra acordar”, lembrou a mãe.

A jovem começou a estudar em colégios apenas aos 10 anos. A mãe diz que tinha medo que algo pudesse acontecer. “No começo era diferente para mim, eu nunca tinha estudado. A minha mãe ficava comigo no começo, mas depois eu acostumei”, afirmou a menina.

A própria mãe confessa que ficava acompanhando a filha, mas que a deixou ter liberdade depois de algum tempo “Eu ficava lá de plantão na escola fazendo meu crochê”, disse a mãe. Depois de mais velha, o único cuidado que a família ainda tem é de acompanhá-la até a escola no período da noite.

A diretora da escola, Liane Nascimento Pires, diz que apesar das pessoas a enxergarem de uma forma diferente, ela é tida como uma aluna normal. “Ela não tem dificuldade na aprendizagem em si, nem de locomoção…ela é uma boa aluna, tem o desenvolvimento intelectual normal”, afirmou.

Ketluin pensa em entrar na faculdade de psicologia. Os amigos dizem que ela é uma boa ouvinte.

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Texto: G1-MT