Mato-grossense Rodrigo Figueiredo nega indicação de JBS e Eduardo Cunha

O ex-secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) Rodrigo Figueiredo negou ter sido indicado ao cargo pelo empresário Joesley Batista, dono do frigorífico JBS, pelo ex-deputado federal Eduardo Cunha (PMDB) ou mesmo pelo operador deste, Lúcio Funaro.

Ao Gazeta Digital, Figueiredo explicou que foi indicado em 2013 pelo então ministro da Agricultura Antônio Andrade, o Toninho Andrade e que nunca teve qualquer relação com Eduardo Cunha ou Lúcio Funaro, aos quais ele afirma sequer conhecer pessoalmente e desconhecer a relação com o Ministério da Agricultura.

Rodrigo Figueiredo confirmou que chegou a conhecer pessoalmente Joesley Batista durante uma reunião ocorrida na sede do ministério da Agricultura, em Brasília, onde estavam presentes o ministro e a equipe para tratar sobre a federalização da inspeção sanitária animal, o que era uma demanda do empresário e que acabou não se concretizando.

Questionado se vai procurar a Justiça para rebater o envolvimento de seu nome na operação Lava Jato pelo dono da JBS, Rodrigo afirma que não fará isso porque está com a consciência tranquila.

O ex-secretário de Defesa Agropecuária, que deixou o cargo com a troca do ministro Antônio Andrade por Kátia Abreu, em 2014, também retificou duas informações que foram divulgadas em reportagem do site Valor Econômico. Rodrigo Figueiredo negou que tenha assinado vários atos de ofício favoráveis à JBS.

Segundo ele, a instrução normativa que tratava sobre a proibição do uso do vermífugo de longa duração e restabelecia o medicamento de curto prazo nos gados destinados aos frigoríficos era privativo do ministro, ou seja, não teve sua participação.

No caso da regulamentação das exportações de despojos (partes de animais), Figueiredo explicou que esse era um ato de ofício de prerrogativa da secretaria em que ele atuava, especificamente do Departamento de Produção de Origem Animal.

Entenda o caso

Em depoimento prestado no dia 3 de maio ao Ministério Público Federal, Joesley Batista afirmou que Funaro pretendia, em 2013, conseguir nomeações no Mapa e teria sido avisado pelo empresário de que lá não havia possibilidade de esquemas, já que cada cargo era “loteado” por um deputado de partido diferente, ou seja, não havia um “aparelhamento organizado”.

Mesmo assim, cunha e Funaro, segundo Joesley, teriam vislumbrado a possibilidade de “fazer muito dinheiro” no ministério da Agricultura porque a JBS é “umbilicalmente ligada” ao órgão.

Conforme a delação de Joesley Batista, Lúcio Funaro havia lhe dito que tinha conseguido um cargo na chefia da Defesa Agropecuária. Diante da informação, Joesley teria pedido então para conhecer a pessoa pois temia que Eduardo Cunha colocasse algum “criminoso” na pasta.

Texto: Gazeta Digital