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Sem atendimento na Santa Casa, mães relatam medo de perderem os filhos
“Quem está cuidando do meu filho é Deus, se ele tiver uma crise, nem sei para onde vou com ele”, contou Maria Caroline Godoy, de 26 anos. O filho dela, Davi Luis Macedo Godoy, de quatro anos, foi diagnosticado com sindrome nefrótica – transtorno renal que acarreta em diversas doenças, como pressão alta, há dois anos. Ele recebia atendimento especializado no Centro de Nefrologia Pediátrica da Santa Casa de Misericórdia de Cuiabá, fechada há mais de um mês.
Assim como Davi, a filha da costureira Cristiana Catarina de Oliveira, de 31 anos, também era acompanhada pelos médicos do setor. Há quatro anos o rim de Estefani parou de funcionar como deveria e a mulher, que até então morava em Matupá (a 696 km da Capital) precisou se mudar para São Paulo, onde a filha passaria por um transplante do órgão.
Quando tem uma das crises, que podem surgir a qualquer momento, Davi precisa ser atendido com urgência por um médico nefrologista. Maria Caroline contou que unidades de saúde não costumam internar a criança, já que o tratamento aplicado de forma incorreta pode comprometer ainda mais os rins dele.
“Caso precise levá-lo com urgência no Pronto Socorro de Várzea Grande, onde moro, por exemplo, assim que informar que ele é um paciente nefrótico, o médico não vai interná-lo, pois ele precisa ser acompanhado por um especialista. Eles [médicos nefrologistas] sabem o histórico dele e medicamentos permitidos, porque qualquer coisa pode afetar ainda mais os rins dele”, contou.
Como uma paciente transplantada, a filha de Cristiana também precisa passar por um acompanhamento mensal, que era realizado na Santa Casa. Com os olhos marejados, a costureira explicou que não tem condições financeiras para arcar com um tratamento particular para a filha.
Ela contou que são muitos exames, sendo que o mais barato costuma custar em torno de R$ 250. Cristiana também tem outra filha, de um ano. Atualmente a família sobrevive apenas com a renda do marido dela, que é auxiliar de produção e ganha um salário mínimo.
“Não tenho condições de pagar por isso. Todo mês passamos por um ‘aperto’, porque temos que comprar os remédios dela. Ela também precisa passar por exames e consultas com vários especialistas. Muitos desses remédios não consigo pegar na Farmácia de Alto Custo”, desabafou a costureira.
Ambas as mães contaram que há um ano, período em que começaram as crises financeiras e paralisações frequentes da Santa Casa, os filhos não conseguem mais receber o tratamento renal correto.
Desespero
Maria Caroline e Cristiana não são familiares, mas têm muito em comum: olhares extremamente cansados, rostos marcados pela aflição de tanto gritarem por socorro que não chega a nenhum momento e o medo de perderem seus filhos.
Como lutam contra problemas renais delicados e que precisam de atendimento especializado, a mãe de Davi contou se ver sempre em meio a uma situação desesperadora e teme pelo dia em que seu filho não “consiga esperar” pela chegada de ajuda.
Davi e Estefani não podem ser atendidos normalmente em qualquer unidade de saúde, como outras crianças saudáveis. Suas condições exigem cuidados especiais. Elas contaram que, caso os dois tenham um problema de saúde, não é possível levá-los em qualquer local. Saiba mais.
Texto: Bruna Barbosa/MidiaNews