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Soja atrasada pode impactar janela do milho safrinha
O ritmo de plantio da safra 2019/20 de soja no Brasil melhorou nas últimas semanas. Ainda assim, haverá casos de replantio, sinalizando alerta em relação à janela de semeadura do milho safrinha no começo do próximo ano.
Em meio às incertezas, a área plantada de soja foi revisada para cima na atualização divulgada pela INTL FCStone nesse início de mês. Estados como Maranhão, Piauí, Goiás e Mato Grosso do Sul levaram o grupo a recalcular a área para 36,5 milhões de hectares (contra os 36,4 milhões de hectares divulgados em outubro). Esse ajuste respingou em leve aumento de 0,3% na produção de soja, agora em 121,8 milhões de toneladas.
O ligeiro aumento da oferta foi revisado em contexto de aumento no consumo doméstico – de 46,5 milhões de toneladas no levantamento anterior para os atuais 48 milhões de toneladas – diante de produção e exportações aquecidas de carnes e do aumento da mistura de biodiesel no diesel; situação que aperta os estoques em 3,35 milhões de toneladas contra os mais confortáveis 4,59 milhões de toneladas, divulgados anteriormente.
As exportações foram mantidas em 72 milhões de toneladas, número com espaço para revisão, em meio à guerra comercial entre EUA e China e com dúvidas quanto à demanda do país asiático.
1ª SAFRA DE MILHO
Para a primeira safra de milho, a estimativa de produção da INTL FCStone ficou em 26,46 milhões de toneladas, ante as 26,85 milhões de toneladas calculadas em outubro, em virtude de uma mudança na metodologia de apuração, para ficar em linha com a Conab, que reclassificou alguns estados (majoritariamente do nordeste) para a categoria de 3ª safra.
Diante dessa alteração de metodologia, a área plantada da primeira safra passou a ficar mais próxima dos 4 milhões de hectares do que dos 5 milhões. A estimativa de área plantada da INTL FCStone para o ciclo de verão de milho ficou em 4,17 milhões de hectares.
SOJA
Em sua avaliação semanal, a consultoria AgRural chama à atenção para os quase 50% da área cultivada no País e destaca sua preocupação com o andamento dos trabalhos em Mato Grosso do Sul. O vizinho Mato Grosso já soma mais de 84% da área esperada, semeada.
Até quinta-feira (31) os produtores de soja do Brasil já haviam plantado 46% da área total estimada para a safra 2019/20. O número representa avanço de 11 pontos sobre os 35% de uma semana antes e supera os 43% da média de cinco anos. Ainda há atraso, contudo, na comparação com o mesmo período do ano passado.
Com 84% da área já plantada em Mato Grosso e aumento da umidade no Paraná, onde o plantio chegou a 60%, quem inspira cuidado agora é Mato Grosso do Sul. Embora o plantio tenha avançado bem na semana passada, para 58% da área sul-mato-grossense, o sul do estado tem recebido muito pouca chuva. Além da necessidade de replantio de algumas áreas, os produtores se preocupam com a janela de plantio da segunda safra de milho.
Caso as chuvas previstas para esta semana se confirmem, a semeadura da soja no sul de Mato Grosso do Sul terminará dentro da primeira quinzena de novembro, o que permite que o plantio do milho seja concluído dentro da janela da região, que vai até meados de março. Mas o ideal seria plantar antes do fim de fevereiro, para evitar que a produtividade da safrinha fique mais suscetível à redução das chuvas e a eventuais geadas a partir de maio. O mesmo vale para o norte do Paraná, onde as chuvas até melhoraram nesta semana, mas ainda há áreas de soja por plantar.
No resto do país, os produtores do Matopiba seguem recebendo apenas chuvas irregulares, mas o atraso no plantio da região ainda não preocupa. Em Goiás, Minas Gerais e São Paulo, a irregularidade das precipitações permanece e atrasa os trabalhos, mas o plantio vai avançando nas áreas menos secas. No Rio Grande do Sul, em contrapartida, a semeadura está mais lenta devido ao solo muito úmido e a novas chuvas previstas para o estado.
Em outubro, a AgRural estimou que o Brasil deve plantar 36,4 milhões de hectares com soja na safra 2019/20. O aumento anual é de 1,3%. A produção potencial, baseada por enquanto em linha de tendência de produtividade, é de 121 milhões de toneladas. Tanto área como produção são recordes. Os números serão revisados na primeira quinzena de novembro.
Texto: Marianna Peres/Diário de Cuiabá