Vereador é acusado de matar empresário no escritório da vítima

O vereador de Juara, a 690 km de Cuiabá, Eraldo Francisco Alves (PR), conhecido como Eraldo Markito, é acusado de assassinar o empresário do ramo madeireiro Jary Santana de Abreu, de 48 anos, no escritório da vítima, em Cuiabá, em março de 2013. Ele deve prestar depoimento à 12ª Vara Criminal da capital, no dia 28 de julho.

A reportagem tentou entrar em contato com o vereador nesta sexta-feira (2), mas a secretária dele informou que ele estava em um assentamento rural. À Justiça, porém, ele negou o crime.

Na audiência, a juíza Maria Aparecida Ferreira Fago, que conduz o processo contra o parlamentar, deve ouvir, além dele, cinco testemunhas de acusação escolhidas pelo Ministério Público Estadual (MPE). Segundo o promotor de Justiça João Augusto Veras Gadelha, Eraldo entrou no estabelecimento comercial de propriedade da vítima, no Bairro CPA 2, em Cuiabá, com uma arma de fogo e atirou contra a vítima, supostamente a mando de alguém.

Antes de ser assassinado, o empresário já tinha sofrido dois atentados após briga por terras. Consta no processo que em 2008 ele se envolveu em um confronto com fazendeiros em Juara e foi preso junto com outra pessoa. Os dois responderam a processo e, posteriormente, foram absolvidos.

Dois anos antes dessa briga, a vítima tinha comprado madeira para um projeto florestal na fazenda Gleba Nevada, em Juara, cuja área estava em litígio desde 1995. A madeira foi comprada do fazendeiro Demerval Rodrigues Santana, que à época disputava parte da área com a família de um advogado, que também reivindicavam a posse da terra.

Depois disso, uma perícia foi realizada dentro de uma ação de demarcação e todos deram ganho de causa para Demerval. A partir daí, começaram as ameaças contra Jar, conforme o promotor.

Uma das tentativas de homicídio sofridas pelo empresário ocorreu em abril de 2012, em frente à residência dele, em Juara. Os disparos, no entanto, não o atingiram. Os responsáveis pelo crime não foram descobertos.

Após a conclusão da perícia em favor do fazendeiro, um perito sofreu uma tentativa de homicídio, em junho daquele ano. Os autores do crime também não foram identificados.

Em outubro desse mesmo ano, mas, em Cuiabá, Jary sofreu outro atentado. Nesse caso, porém, os dois autores do crime foram identificados e confessaram que tentaram matar o empresário a mando de uma pessoa, que, segundo o MPE, já é conhecido pelos crimes de pistolagem. Inclusive, esse acusado de ter contratado esses homens já tinha sido condenado pela morte de um médico, em 2002, mediante pagamento. À época, ele não informou quem era o mandante desse outro crime.

Segundo a ação, a suspeita era de que Eraldo teria agido a mando de alguém. No entanto, essa pessoa não foi identificada. No entanto, há indícios de que ele teria trabalhado para a família do advogado, com quem teria se envolvido numa briga anteriormente. Ele foi visto na escritório de Jary na data do crime. A secretária da vítima presenciou o crime.

À época do crime, a delegada Anaíde Barros, da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), que investigou o crime, afirmou que a testemunha estava sendo monitorada pela polícia desde o crime porque tinha sido intimidada. Segundo ela, o então suspeito do crime parou de moto em frente à casa da testemunha e abriu a viseira do capacete como forma de intimidação para que a testemunha não contasse o que sabia sobre o caso.

Ele teve a prisão temporária decretada e foi preso em Juara dois meses depois da morte do empresário.

À Justiça, Eraldo apresentou defesa e alegou que a ação é sustentada em mentiras. Por isso, pediu a nulidade do inquérito policial, “fazendo-o começar, tudo, na estaca zero”, por falta de fundamentação e provas. O pedido foi negado.

No ano passado, Eraldo foi eleito vereador por Juara, sendo o terceiro com maior número de votos. Recebeu 4,68% dos votos válidos.

Texto: G1-MT