Decriminalización de las drogas en Portugal: 20 años después
Com medo e sem equipamentos adequados, garimpeiros e amadores correm ‘contra o tempo’
O olhar não esconde o arrependimento e o cansaço. Se pudesse voltar no tempo, nem teria vindo. Foram 24 horas de viagem em um ônibus de Ariquemes (RO) para Pontes e Lacerda.
O sitiante de 21 anos chegou apenas com a cara e a coragem em busca do sonho dourado de enriquecer no tão falado garimpo da Serra do Caldeirão, que ganhou notoriedade nos últimos dias e tem atraído pessoas de todos os Estados para o interior de Mato Grosso.
Sem equipamentos, sem conhecidos na região e sem uma estratégia para se manter no local, só lhe restou subir a serra e enfrentar quatro horas de fila para poder recolher o máximo de terra que o corpo lhe permite carregar. Desceu sob o sol de meio dia. Sem saber muito o que fazer. Precisaria de carona para cruzar os cerca de 20 km que afastam a serra de Pontes e Lacerda em uma estrada de chão. Também não tinha como separar o ouro da terra.
O jeito foi levar os sacos de volta no ônibus em outra jornada de 24 horas. Em casa vê o que faz. “Cheguei hoje cedo e foi isso o que consegui. Não era o que esperava. Volto mais não”, lamentou em entrevista ao Olhar Direto, nesta quarta-feira, 13.
Essa é mais uma história perdida entre os cerca de três mil corpos sem rostos que parecem trabalhar incessantemente na Serra do Caldeirão em busca de ouro. Há quem jure que viu gente enriquecer e sumir do mapa, há quem investiu pesado em equipamentos para o garimpo e quem sem o menor preparo e experiência teve de se render ao amargor da derrota.
“A corrida pelo ouro virou corrida contra o tempo”, afirma um garimpeiro frente à incerteza de até quando poderá explorar a região. A notícia do novo garimpo alertou as autoridades sobre a atividade e a colocou em xeque. O Ministério Público Federal pediu ontem na Justiça o fechamento do local. O Governo do Estado estuda a melhor saída para o problema. Na serra ou na cidade não se fala de outro assunto, com informações desencontradas e boatos de toda sorte.
Assista ao vídeo aqui.
Texto: Olhar Direto