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Delegada apura denúncia de paciente contra médico suspeito de retirar rim por engano
Uma cirurgia que retirou o rim direito da técnica de enfermagem Sirlei Herrera Infante Pereira, de 47 anos, está sendo investigado pela delegada Judá Maali Marcondes Pinheiro da Delegacia da Mulher. O procedimento foi realizado no dia 6 de agosto de 2018 no Hospital Regional de Cáceres, a 280 km de Cuiabá.
A delegada disse ao G1 que já ouviu o médico e colegas dele e solicitou documentos mencionados em depoimentos que provariam que foi retirado o órgão certo. Ela disse que solicitou novos exames periciais.
No ano passado, Sirlei denunciou o caso à Polícia Civil e contou que o médico solicitou à ela diversos exames e constatou que o rim esquerdo estava com um tumor. O médico teria afirmado a ela que o rim direito estava sadio e perfeito.
À época, Sirlei contou que desde janeiro de 2018 fazia consultas regulares com o médico devido a dores constantes que sentia. Ela disse que ele solicitou exames como ressonância, tomografia e ultrassonografia para chegar a um diagnóstico.
Depois de mostrar os exames ao médico, em junho, ele marcou a cirurgia. Após a cirurgia, ela disse que quando acordou foi avisada pelo próprio médico que o rim direito havia sido retirado.
Segundo o boletim de ocorrência, Sirlei fez exame de ultrassonografia no dia 7 de setembro de 2018 e foi constatado que o rim direito não foi localizado. Ela procurou novamente o médico e o mesmo disse a ela que fez a retirada do rim direito durante o procedimento cirúrgico após fazer a apalpação dos órgãos e constatar que o rim esquerdo estava perfeito e que o “rim direito estava podre e desmanchando como um tecido velho”.
Sirlei relatou que após a cirurgia continuou passando mal. Por conta disso, foi para Cuiabá procurar atendimento e se reuniu com uma junta médica, formada por dois médicos para analisar o caso.
Um desses médicos de Cuiabá deu um laudo relatando que o rim esquerdo – o que está com problemas e que não foi o retirado -, estava com tumor, mas que não havia a necessidade de cirurgia, porém era só fazer tratamento medicamentoso para cuidar do rim doente.
Ela relatou que, depois de ter se reunido com a junta médica em Cuiabá, teria voltado várias vezes ao consultório do médico que fez a cirurgia, pois continuava sentindo dores e gostaria de uma providência. O médico disse à ela que era normal e passaria.
O advogado da vítima, Ledson Glauco Monteiro Catelan, disse que na época solicitou documentos ao hospital e que faltava o restante do prontuário médico e o exame de biópsia do rim retirado, mas o hospital estava de férias e deu o prazo para entrega até o dia 10 de janeiro deste ano. Ele disse ainda ter áudios gravados pela paciente onde o médico pede desculpas pelo erro e que foi entregue à polícia.
Ledson disse que o hospital não entregou o restante do prontuário e o mesmo comunicou a delegada que investiga o caso. Ele disse que o resultado da biópsia detectou um cisto no rim que não era maligno e não haveria a necessidade de operação.
De acordo com a delegada, os áudios mencionados vão ser analisados e que o inquérito está em vias de conclusão, está faltando a apresentação dos documentos solicitados para serem inseridos no inquérito.
A defesa de Sirlei disse que está aguardando a conclusão do inquérito para entrar com uma ação civil contra o médico cirurgião, o hospital regional, o Estado e para requerer indenização a vítima.
Texto: G1 MT