Família de aluno do Corpo de Bombeiros que morreu após treinamento acusa excessos

A família do aluno soldado do Corpo de Bombeiros, Rodrigo Claro, acredita que o rapaz tenha sido vítima de excessos durante o treinamento militar. O rapaz morreu na madrugada desta quarta-feira (16), após passar mal e ser internado no dia 10 de novembro.

Por meio de seu advogado, Júlio Cesar Lopes, a família  alega que, embora a Polícia Civil ainda não tenha dado início às oitivas para a coleta de informações com testemunhas do caso, outros alunos já relataram ter passado mal durante os exercícios, além de  presenciarem situações de exagero. Um inquérito policial interno foi aberto para apuração da ocorrência.

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Júlio também explica que, ao contrário do que foi informado incialmente, a vítima teria saído de moto da Lagoa Trevisan, onde aconteciam os exercícios, e pilotado sozinha até o Batalhão dos bombeiros instalado no bairro Verdão. Na sequência, deixou o local e foi até a  Policlínica do bairro, que fica em frente.

“Os depoimentos ainda não são oficiais, esperamos que todos sejam ouvidos logo pela Polícia, para que possamos esclarecer essa situação.”

Em nota, a corporação afirma já ter designado um coronel como encarregado do Inquérito Policial Militar para apuração dos fatos, permitindo assim que não paire qualquer dúvida sobre os acontecimentos.O Corpo de Bombeiros Militar também informou estar prestando todo o apoio à família do militar para as providências necessárias do translado, velório e sepultamento.

O caso 

Rodrigo estava internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e faleceu por volta de de 1h40. Ele teria sido dispensado no final do treinamento, após reclamar de dores na cabeça e exaustão após passar por uma sessão de afogamentos. O Corpo de Bombeiros informou que já no Batalhão ele teria e queixado das dores e foi levado para a policlínica em frente a instituição.
 

Ali ele teve duas convulsões e foi encaminhado em estado crítico ao Jardim Cuiabá, onde permaneceu internado em coma. O caso estava sendo tratado como aneurisma, hipótese descartada, segundo o advogado, em uma avaliação preliminar do médico plantonista do Instituto Médico Legal (IML) que esperou mais de dez horas para a liberação do corpo.

Júlio explica que o laudo ainda não foi elaborada por falta de material e que o Estado já foi informado sobre a situação. “Se o corpo não for liberado, vamos entrar com uma ação contra o Estado, a família não pode esperar um dia, dois ou mais, como em outros casos que vemos aqui, para que um corpo seja liberado.” 

A informação foi rebatida pela Perícia Oficial de Identificação Técnica (Politec), que garantiu haver luvas e equipamento necessários para o trabalho. Ainda segundo o órgão, o corpo de Rodrigo chegou à unidade às 3h da manhã, horário no qual a realização dos exames não é permitida, em decorrência de fatores como a iluminação que podem ser prejucial a coleta de informações.

O velório acontecerá em Cuiabá, no 1º Batalhão de Bombeiros Militar, até às 16h30. Em seguida o corpo segue para Tangará da Serra, onde será velado até às 7h, do dia 17.11. E por fim, será levado para Sinop, onde ocorrerá o sepultamento.

Confira a íntegra da nota:

É com imenso pesar que comunicamos o falecimento do aluno do 16º Curso de Formação de Soldados, Rodrigo Claro.De acordo com laudo preliminar da Politec, a causa da morte é indefinida e um novo laudo será emitido no prazo de 15 dias.

O velório acontecerá em Cuiabá, no 1º Batalhão de Bombeiros Militar, das 14h às 16h30. Em seguida o corpo segue para Tangará da Serra, onde será velado até às 7h, do dia 17.11. E por fim, será levado para Sinop, onde ocorrerá o sepultamento.

A Corporação já designou um Coronel como encarregado do Inquérito Policial Militar para apuração dos fatos, permitindo assim que não paire qualquer dúvida sobre os acontecimentos. O Corpo de Bombeiros Militar está prestando todo o apoio à família do militar para as providências necessárias do translado, velório e sepultamento.

Qualquer fato novo sobre o caso será divulgado pela Corporação.

Nota Politec

A Diretoria Metropolitana de Medicina Legal da Politec vem se posicionar a respeito do caso do soldado-bombeiro Rodrigo Claro, que faleceu nesta madrugada, em Cuiabá.  

O corpo deu entrada no IML às 03:04h desta quarta-feira (16.11) para a realização do exame de necropsia. A Politec esclarece que não houve falta de luvas cirúrgicas para a realização dos procedimentos, e que em Mato Grosso, assim como em outras unidades da Federação, as necropsias são realizadas em período diurno. Não obstante, existe respaldo legal para a realização da mesma no mínimo 6h após o óbito (art 162 do Código de Processo Penal).

Os exames preliminares não foram suficientes para se determinar a causa mortis, portanto, perícias complementares serão realizadas e poderão indicar os resultados no prazo de 15 dias.  

Solidarizamo-nos com a dor da sociedade, e continuaremos comprometidos com o nosso trabalho. Realizando-o de maneira eficaz, responsável e célere.

Texto: Olhar Direto com Portal Sorriso MT