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Fraude ameaça reservas naturais de ipês em Mato Grosso
Reservas naturais de ipê vinham sendo exploradas ilegalmente por um grupo criminoso, em terras indígenas (Tis), localizadas Aripuanã, Reserva Roosevelt e Parque do Aripuanã, localizadas no noroeste de Mato Grosso. Em ações de fiscalizações, foram identificadas 22 pessoas envolvidas na atividade ilegal. As informações obtidas durante a investigação serão encaminhadas ao Ministério Público Federal (MPF) para apuração no âmbito criminal.
O ipê trata-se de uma espécie florestal amazônica de maior valor no mercado madeireiro. De acordo com informações do Instituto Brasileira de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis, nos últimos três anos, representou 38,7% do volume de madeira exportado para os Estados Unidos e a Europa. Em valor, o ipê corresponde a 56% das exportações de produtos florestais, segundo dados do Sistema do Documento de Origem Florestal (DOF).
Conforme o Ibama, o ipê explorado de forma ilegal chega ao consumidor acobertado por créditos florestais virtuais procedentes principalmente de Planos de Manejo Florestais Sustentáveis (PMFS) fraudados. Empresas de fachada são usadas para negociação de madeira ilegal e sonegação fiscal. Cada metro cúbico de crédito é comercializado ilicitamente por até R$ 800,00.
“A retirada de madeira de terras indígenas é uma usurpação do patrimônio natural. A extração ilegal prejudica empreendimentos do setor madeireiro que operam de acordo com a lei”, disse a superintendente do Ibama em Mato Grosso, Lívia Martins.
A operação foi realizada em conjunto com a Fundação Nacional do Índio (Funai) e a Gerência de Operações Especiais (GOE) da Polícia Civil de Mato Grosso. Conforme o Ibama, durante as ações de fiscalização, realizadas em nove frentes de exploração ilegais, agentes ambientais apreenderam 13 caminhões, três pá-carregadeiras, quatro tratores adaptados para a retirada de árvores, dois tratores de esteira, dois reboques florestais, 8 motos, 12 motosserras, seis armas de fogo e uma caminhonete. “A madeira seguiria para serrarias de Espigão do Oeste (RO) e Aripuanã”, informou.
Contudo, com a chegada das equipes, criminosos usaram toras para obstruir ramais e tentar impedir a apreensão do maquinário. O bloqueio das vias e o risco de conflito tornaram inviável a remoção dos equipamentos usados pelos infratores. Em razão disso, a maioria dos bens apreendidos foi inutilizada no local para garantir a interrupção das atividades ilegais e impedir o agravamento dos danos.
Texto: Joanice de Deus/Diário de Cuiabá