Gaeco nega trama e “estranha” acusação após decisão do STJ

O Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco) repudiou, na tarde desta quarta-feira (18), o depoimento do cabo PM Gérson Correa. Por meio de nota, a instituição afirmou ter “estranhado” o fato de o policial militar ter prestado declarações à Polícia Civil, mesmo depois de os procedimentos terem sido encaminhados ao Superior Tribunal de Justiça (STJ).

O cabo PM é réu na ação penal que apura o escândalo dos grampos ilegais em Mato Grosso. Ele está preso desde 23 de maio e foi alvo de dois mandados de prisão, em razão do esquema criminoso.

Em depoimento aos delegados Ana Cristina Feldner e Flávio Stringueta – que conduziram parte das apurações sobre os grampos ilegais –, na última segunda-feira (16), o cabo revelou que, durante o período em que trabalhava no núcleo de interceptações ilegais do Gaeco, foi criada uma “estória cobertura” pelo então coordenador do órgão, promotor Marco Aurélio, e pela juíza Selma Arruda, da Vara Contra o Crime Organizado da Capital.

De acordo com o PM, a suposta “estória cobertura” teria sido criada para interceptar o ex-governador Silval Barbosa (PMDB) e o ex-deputado José Riva.

No comunicado, o Ministério Público Estadual (MPE) – instituição responsável pelo Gaeco – informou que não conhece o teor do depoimento do cabo Gérson Correa.

Porém, a instituição repudiou qualquer menção que o PM possa ter feito para envolver membros do MPE no esquema de grampos ilegais.

“O Gaeco repudia qualquer tentativa de envolvimento de Promotores de Justiça que integram ou integraram o Grupo no ‘escândalo dos grampos’”, diz a nota. O órgão ainda negou que o promotor Marco Aurélio tenha feito qualquer “estória cobertura” com a juíza Selma Arruda.

“Em respeito à decisão do Ministro Mauro Campbell Marques, proferida no dia 11/10 e amplamente divulgada, avocando as investigações para Superior Tribunal de Justiça, [O Gaeco] se limita a afirmar que o procedimento adotado quanto à proteção da integridade física e da vida da magistrada Selma Rosane Santos Arruda, uma das protagonistas no enfrentamento à criminalidade organizada deste Estado, fora cumprido com total respeito à Lei’, diz um trecho do comunicado.

O Gaeco ressaltou, também, ter ‘estranhado” o fato de o militar ter prestado depoimento após a decisão do STJ, requisitando toda a investigação. “(…) o Gaeco sempre atuou pautado na legalidade e tem importantes serviços prestados à sociedade; ataques dessa natureza contra integrantes do Ministério Público e do Poder Judiciário apenas fortalecem o crime organizado”, acrescenta nota.

O depoimento

Durante o depoimento, o cabo Gérson Correa afirmou que foi a juíza Selma Arruda quem lhe repassou a informação da suposta trama. A “estória cobertura” para a interceptação dos políticos foi criada para “poupá-la” como fonte da notícia, segundo o militar.

Segundo depoimento do cabo, que decidiu delatar o esquema e colaborar com as investigações, a magistrada ficou sabendo do atentando por meio de uma servidora do Fórum da Capital.

“Revelação de uma irregularidade ocorrida em investigação promovida pelo Gaeco/MT com anuência do então coordenador, promotor de Justiça Marco Aurélio Castro, quando este determinou ao interrogado Gerson Correa, que criasse uma estória cobertura para dar início a uma interceptação de pessoas suspeitas de tramarem a morte da Drª Selma Arruda, juíza de Direito Titular da 7ª Vara Criminal desta Comarca”, diz trecho do depoimento do Cabo da PM.

Texto: Mídia News