Médicos aguardam bebê vítima de ritual desinchar para retirar agulhas

O bebê de 3 meses, que supostamente foi vítima de maus-tratos em um ritual religioso autorizado pelos pais, completou nesta sexta-feira (20) 36 dias de internação na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) pediátrica da Santa Casa de Rondonópolis, a 218 km da capital.

Os médicos que acompanham a criança aguardam uma evolução no estado de saúde para tentar retirar três agulhas que estão no corpo dela. Atualmente a criança passa por tratamento de infecção, já que apresenta inchaço nas regiões onde as agulhas foram colocadas.

No ritual, três agulhas de metal foram colocadas na cabeça do bebê e uma agulha no abdômen. Cinco pessoas foram responsabilizadas pela Polícia Civil por terem participado ou feito o ritual, além de outras que se envolveram na história. Os pais da criança estão entre os envolvidos.

Desde que estava internada, a criança foi submetida a dois procedimentos cirúrgicos para tentar retirar as agulhas do cérebro e do abdômen. As duas cirurgias não tiveram sucesso. Em um terceiro procedimento cirúrgico, os médicos conseguiram retirar uma agulha do ouvido esquerdo da menina.

Segundo o boletim médico divulgado pela equipe médica, a criança está sob guarda provisória da avó materna, que faz visitas esporadicamente. A menina respira sem a ajuda de aparelhos e recebe alimentação.

O caso
O Conselho Tutelar recebeu denúncia da equipe médica do Hospital Municipal de Jaciara, a 148 km de Cuiabá, sobre suspeita de maus-tratos contra uma menina que deu entrada na unidade. O bebê chorava muito e apresentando hematomas no couro cabeludo. No relatório médico da paciente constava ainda que, duas semanas antes, a vítima já havia estado no mesmo hospital apresentando cortes nos pés.

O bebê de três meses teve as agulhas inseridas na região do tórax e na cabeça. De acordo com o delegado que investiga o caso, Marcelo Melo de Laet, todos os suspeitos negaram participação no suposto ritual.

Quatro pessoas foram presas de forma temporária (30 dias) e uma foi apreendida por envolvimento no crime: Iraci Queiroz dos Santos, de 42 anos, conhecida como Baiana, que teria conduzido o ritual; Débora Queiroz dos Santos, grávida de oito meses e filha de Iraci; Ricardo César dos Santos, genro de Iraci; Wellinton de Jesus Costa, de 28 anos, pai da menina; e a mãe da vítima, que tem 17 anos.

A menor de idade vai responder a ato infracional análogo a tentativa de homicídio e foi encaminhada ao Complexo do Pomeri, em Cuiabá. O pai da bebê, Wellinton, é suspeito de ter recebido R$ 250 para submeter a filha ao ritual. Ele deve ser encaminhado para a Cadeia Pública de Jaciara, a 148 km da capital.

Texto: G1-MT