Perri nega participação em grampos e vê caso como tentativa de enfraquecer Justiça

O desembargador Orlando Perri negou nesta quinta-feira (6) que tenha praticado qualquer interceptação telefônica ilegal em face de juízes ou desembargadores enquanto corregedor de Tribunal de Justiça. As especulações, segundo o magistrado, seriam para enfraquecer a investigação sobre grampos em Mato Grosso. Perri, porém, avisa: “Não me acovardarei diante de qualquer ameaça velada ou explícita. Não irei me afastar da condução do processo”.

A especulações surgiram após depoimento do coronel Airton Benedito Siqueira Junior. Airton, enquanto secretário de Estado de Justiça e Direitos Humanos de Mato Grosso, registrou em cartório no último dia 29 de junho uma declaração na qual admite ter “grampeado” juízes em 2007 a mando de Perri, à época corregedor-geral de Justiça de Mato Grosso.

A declaração foi anexada ao depoimento prestado por Siqueira no inquérito militar que investiga o suposto esquema de grampos ilegais operados nos últimos anos em MT por PMs. De acordo com Siqueira, as interceptações eram para levantar informações sobre o desvio de dinheiro do TJ para os cofres da loja maçônica Grande Oriente.

Longe de ser intimidado, Perri disparou nesta quinta que não deixará o caso. “Querem me afastar do processo. Quando não, levando este processo para instância superior. Porque lá todos sabem que as investigações podem não ter a mesma eficiência”, asseverou Orlando Perri durante sessão do Tribunal.

Airton Benedito Siqueira Junior revelou ainda em seu depoimento que o desembargador José Ferreira leite foi grampeado juntamente com os juízes Marcelo Barros, Antônio Horácio, Irênio Lima Fernandes e Marcos Aurélio Ferreira. As decisões para as interceptações, de acordo com a declaração, eram todas feitas de próprio punho por Perri.

Caso comprovadas as ações denunciadas, Orlando Perri poderá sofrer penas administrativas, perdendo a relatoria sobre o inquérito dos grampos. Na visão do desembargador o que foi dito por Airton Benedito não confere com a verdade dos fatos.

“Não me acovardarei diante de qualquer ameaça velada ou explícita. Não irei me afastar da condução do processo. Provarei em todas as instancias as inverdades que me foram assacadas e rogadas levianamente e esparramadas com o propósito de pelo menos denegrir a imagem do relator que está conduzindo estas investigações”, afirmou.

“O fastos denunciados jamais aconteceram e as provas são documentais. Todas as interceptações que realizamos quando estivemos na corregedoria, fizemos dentro da estrita legalidade e com a participação e requerimento do Ministério Público. Jamais interceptei nenhum desembargador enquanto corregedor geral de Justiça. As interceptações realizadas de juízes fiz a requerimento e com a participação do Ministério Público, concluiu.

Texto: Olhar Direto