Autor de atentado que matou ao menos 84 tem origem tunisiana (Imagens fortes)

O presidente francês, François Hollande, afirmou que é “inegável” que a França sofreu um ataque terrorista e disse que o estado de emergência no país será estendido por três meses, após o ataque que matou ao menos 84 pessoas em Nice.

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Inicialmente o estado de emergência seria encerrado no dia 26 de julho –ele foi instalado após a série de atentados em Paris, em novembro do ano passado.

“A França como um todo está sob ameaça do terrorismo islâmico. Nós temos que demonstrar absoluta vigilância e uma determinação inabalável.”

Hollande afirmou que o país vai aumentar o controle nas fronteiras e vai reforçar as ações na Síria e no Iraque.

“Nós vimos a violência extrema e obviamente temos de fazer tudo para lutar contra esse terrorismo”, disse o mandatário.

O presidente afirmou também que o país é forte e será “sempre forte contra os fanáticos que hoje nos atacaram”.

Foi decretado luto oficial de três dias pelo governo francês.

Ataque

Um atentado deixou ao menos 84 mortos e 40 feridos nesta quinta-feira (14) quando um caminhão avançou sobre milhares de pessoas que participavam da festa do Dia da Bastilha em Nice, no sul da França.

O veículo entrou na área fechada da Promenade des Anglais, avenida litorânea da cidade, por volta das 22h30 (17h30 em Brasília), cerca de meia hora após o início da queima de fogos do feriado de 14 de julho.

O jornal “Nice-Matin” informou na noite desta quinta (madrugada de sexta na França) que o motorista do caminhão —que foi morto pela polícia em uma troca de tiros— seria um homem de 31 anos de Nice e e origem tunisiana.

De acordo com a imprensa local, o caminhão teria percorrido cerca de dois quilômetros na avenida até parar a cerca de 350 metros do local da queima de fogos.

Segundo o governo local, que classifica a ação como atentado, o caminhão estava carregado com armas e granadas.

Os espectadores da festa ficaram em pânico e saíram correndo. O governo da região de Alpes-Maritimes, onde fica Nice, pediu à população que voltasse a suas casas e ficasse em locais fechados.

Cinquenta minutos depois, a polícia cercou a área onde estava o caminhão, perto da praça Masséna.

O caminhão foi parado por um cerco policial perto da praça Masséna. Segundo os agentes, o motorista abriu fogo contra a tropa. Houve troca de tiros e os policiais mataram o condutor. No baú do caminhão, encontraram armas como pistolas, fuzis e metralhadoras, munição e granadas.

Dentro do caminhão, a polícia encontrou os documentos do suspeito morto. Ele foi identificado como um francês de origem tunisiana de 31 anos, que cometeu delitos no passado, mas nunca esteve na lista de pessoas investigadas por terrorismo. Também não se sabe se ele teria ligação com extremistas. Os agentes afirmam que o caminhão era alugado.

Embora nenhum grupo tenha se manifestado sobre a autoria até o momento, diversos usuários de redes sociais ligados à milícia terrorista Estado Islâmico comemoraram o atropelamento.

A facção foi responsável pela série de ataques em Paris, que deixou 130 mortos em 13 de novembro passado.

Autoridades

Horas depois de anunciar, em uma parada militar da Revolução Francesa, o fim do estado de emergência que vigorava desde as ações do Estado Islâmico na capital, o presidente François Hollande voltou atrás e expandiu a medida até outubro.

Em pronunciamento à nação depois de uma reunião de emergência, disse que é “inegável” que o país tenha sofrido uma atentado terrorista. “A França como um todo está sob ameaça do terrorismo islâmico. Nós temos que demonstrar absoluta vigilância e uma determinação inabalável.”

Ele prometeu aumentar o controle de fronteiras e reforçar os ataques na Síria e no Iraque —as medidas são as mesmas tomadas após a série de ataques de novembro.

“Nós vimos a violência extrema e obviamente temos de fazer tudo para lutar contra esse terrorismo”, disse.

Aliados como o presidente americano, Barack Obama, a primeira-ministra britânica, Theresa May, e a chanceler alemã, Angela Merkel, prestaram suas condolências.

No Brasil, o presidente interino Michel Temer disse que a França foi vítima de “mais uma injustificada intolerância” e chamou o incidente de “abjeto” e “ultrajante”.

Se confirmada uma nova ação terrorista, Hollande deverá sofrer mais com a pressão por controle da imigração e por novas medidas para evitar mais mortes como as mais de 200 em três atentados.

Texto: Folha de São Paulo