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13º salário injeta R$ 2,7 bilhões em Mato Grosso
O pagamento do 13º salário vai injetar R$ 2,785 bilhões na economia mato-grossense no último bimestre deste ano. O valor é 12,5% superior ao ano anterior, quando R$ 2,4 bilhões foram pagos. Este ano, serão 1,250 milhão de trabalhadores, tanto servidores públicos ou trabalhadores no mercado formal e aposentados, a ter acesso ao salário.
O montante é 4,02 pontos percentuais acima da inflação acumulada até setembro, que é de 8,48%, demonstrando ganho real com o valor a ser depositado nos próximos meses. Os dados fazem parte do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
Do montante a ser pago de 13º salário em Mato Grosso, a maior parte (77,4%) cabe a trabalhadores no mercado formal. Levantamento do Dieese aponta que são 849,120 mil trabalhadores que receberão R$ 2,155 bilhões, gerando um valor médio de R$ 2,538 mil. De acordo com a metodologia da entidade, são considerados trabalhadores no mercado formal os assalariados do setor público e privado e os empregados domésticos com carteira de trabalho assinada.
Os aposentados e pensionistas que têm direito a receber o 13º salário receberão cerca de 22,6% do montante a ser injetado no Estado. Ao todo, são 401,272 mil pessoas que compõem esse grupo, e vão receber o equivalente a R$ 629,758 milhões, gerando um valor médio de R$ 1,569 mil. A servidora pública, Ana Fagundes Forgiarini, 24, já planejou o que vai fazer quando receber o 13º salário. “Vou tirar minha habilitação”.
Ela diz que o valor do 13º não vai ser suficiente para suprir o investimento estimado em R$ 1,9 mil. “Sinceramente, é um dinheiro o qual eu não conto. Até esqueço que ele existe para não fazer dívidas. Mas como a CNH é necessária, nesse momento o 13º está sendo muito importante. Diferença faz sim no orçamento, não tem como negar, gostaria de usá-lo para viagens como alguns fazem, mas infelizmente, para a maioria, o salário extra serve para colocar as contas em dia”.
O presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de Mato Grosso (Fecomércio/MT), Hermes Martins, diz que são muitas as expectativas geradas pelos empresários sobre o pagamento do 13º salário. “Isso porque tivemos um início de ano muito conturbado, diversas dificuldades com as datas de maior apelo comercial, com o acúmulo na queda das vendas. A expectativa é que as empresas consigam ter incremento nas vendas e dessa forma, ter condições de ao menos renovar os estoques”.
Martins revela que se as vendas de final de ano chegarem a 2% de aumento sobre o ano passado já será uma vantagem para o comércio, que por ora prevê manutenção dos índices de venda alcançados em 2015.Para o professor de macroeconomia da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Emanuel Dalbian, a indicação mais perspicaz para quem vai receber o 13º e que esteja endividado é quitar as dívidas. “Pagar dívidas, principalmente as contas atrasadas, permite efeitos positivos no mercado financeiro, tais como a redução das taxas de juros, por meio das instituições financeiras, que só mantêm juros elevados em razão do nível de inadimplência entre os consumidores. Ou seja, na medida que a inadimplência reduz, efeitos positivos beneficiam a coletividade”.
RECOMENDAÇÕES – O professor Emanuel Dalbian indica que na hora de quitar dívidas, o melhor critério é escolher as que possuem maior taxa de juros. “Cartão de crédito, cheque especial e crédito pessoal, são as modalidades com maior taxa de juros hoje no mercado. Isso implica em uma bola de neve caso tais dívidas não sejam quitadas no prazo estipulado”.
Dalbian orienta que após se livrar de um compromisso financeiro, o consumidor deve evitar se endividar novamente, para conseguir planejar a receita doméstica. “O ideal é que as dívidas não comprometam mais que 30% do orçamento mensal de um assalariado, já que em geral, 70% da renda é hoje utilizada para a manutenção de gastos fixos, como habitação, energia elétrica, água e supermercado”.
O consultor financeiro, João Paulo Fortunato, avalia a injeção de R$ 2,785 bilhões a serem pagos com o 13º deverá basicamente direcionado ao quitamento de dívidas. “Tirar o nome da negativação é um planejamento para quem tem direito ao salário extra. Também é oportuno pensar nas despesas sazonais típicas de final e começo de ano, tais como educação e tributos”.
Por outro lado, Fortunato relata que as empresas, assim como o Estado estão com dificuldades para efetivar o 13º. “Esta situação já criou tendência no mercado financeiro, onde as financeiras já tem produtos prontos para oferecer crédito para as empresas conseguirem quitar o salário extra. Tudo isso ajuda a pressionar o mercado, pois a empresa endividada sob a incidência de juros não consegue se organizar economicamente, levando-a ao ciclo de dependência de subsídios bancários para conseguir quitar um compromisso”.
PROJEÇÃO DE CONSUMO – O indicador Intenção de Consumo das Famílias (ICF/ Fecomércio/MT) referente ao mês de outubro, revela que 60,6% das famílias cuiabanas estão consumindo menos que em igual período do ano passado. Considerando a perspectiva de consumo para os próximos meses, 51,4% dos chefes de família dizem acreditar que o consumo será menor que no 2º semestre do ano passado, o que inclui datas como Natal e Réveillon.
Os que consideram que vai ser igual ao mesmo período do ano anterior equivalem por 21,6%, e os que dizem acreditar que será maior formam um grupo intermediário de 25,1% dos respondentes. BRASIL – De acordo com o Dieese, o 13º salário deverá injetar R$ 197 bilhões na economia brasileira. O valor corresponde a 3% do Produto Interno Bruto (PIB) do país.
Texto: A Gazeta