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Advogado e sogro são presos por trabalho análogo à escravidão
Acusado por manter trabalhadores em situação análoga a escravidão, o advogado Robson Medeiros, 42, e seu ex-sogro, Lelui Antonio Pertile Bombarda, foram presos nesta quinta-feira (20), pela Polícia Civil. Há duas semanas os investigadores resgataram setes pessoas em sua propriedade rural, na cidade de Colniza (1065 km de Cuiabá). Entre as vítimas, estava um deficiente físico e visual portador de hanseníase que há cerca de quatro meses convive no quarto com ratos que roeram a perna da vítima enquanto ela dormia.
Os criminosos responderão por sequestro e cárcere privado, redução a condição análoga de escravo, maus tratos e constranger alguém com intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se da condição de superior hierárquico. Os mandados contra eles foram expedidos pela Justiça Federal.
No dia 7 de julho, data divulgação do caso, a esposa do advogado, Vanessa dos Santos, chegou a entrar em contato com Olhar Direto, declarando que as informações da Polícia Civil eram inverídicas.
Na ocasião, após receberem a denúncia, os policiais da Delegacia de Colniza diligenciaram até a Fazenda São Lucas, de propriedade do advogado, na linha 36, km 09, sentido Guariba, onde encontraram o senhor J.P.R. , vivendo em um quarto com muito ratos e próximo ao chiqueiro. O local ainda funciona como depósito para armazenamento de produtos agropecuários, rações e ferramentas.
A vítima tem deficiência física e visual ocasionadas por acidentes de trabalho nas fazendas do acusado. O funcionário, que nunca teve carteira assinada e recebia apenas moradia e comida pelos trabalhos prestados, ficou cego do olho esquerdo devido um acidente de trânsito no ano de 2015 e amputou uma perna em razão de ferimento ocasionado quando apagava um incêndio na propriedade.
Os policiais constataram que na fazenda e há um banheiro adequado com sanitário e chuveiro adequado, porém os proprietários deixam trancado com cadeado e corrente, obrigando a vítima a tomar banho de mangueira atrás da casa, ou em uma lagoa onde divide o espaço com porcos, bois e cavalos. De acordo com a vítima, seus documentos pessoais estão há cerca de um ano em poder do ex-sogro do patrão, supostamente para dar entrada em sua aposentadoria.
Na mesma propriedade, os investigadores conversaram com outra família que também trabalha sem carteira assinada. A filha do casal, de 13 anos, contou que por várias vezes já foi convidada pelo patrão para ter relação sexual com ele e a sua esposa. Segundo a adolescente, o advogado diz que por enquanto não vai forçá-la por ela ser menor, mas depois que ela completar 14 anos não passa.
Dando continuidade as investigações, os policiais ouviram testemunhas que afirmaram que em outras fazendas do advogado, existem outras pessoas vivendo na condição análoga a de escravo. Diante das informações, o delegado Edson Ricardo Pick representou pela prisão preventiva de R. M. e pela prisão temporária de seu ex-sogro L.A.P.B., assim como pelo mandado de busca e apreensão em demais propriedades do suspeito. O Ministério Público encaminhou o procedimento para Justiça Federal.
Texto: Olhar Direto