Alunos da rede pública passam menos tempo na escola

Em Mato Grosso, a média de horas-aula diárias nas escolas públicas que ofertam o ensino médio é menor do que na rede privada. No Estado, os estudantes das unidades particulares têm em média 5,1 horas de aulas ao dia. Já nos colégios mantidos pelo poder público, eles contam com 4,4 horas nesta última etapa da educação básica e ponte para o ensino superior.

Dados como estes estão entre os oito “Indicadores Educacionais” derivados dos dados do Censo Escolar 2017 divulgados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). São eles: média de alunos por turma, média de horas-aula diária, taxa de distorção idade-série, percentual de docentes com curso superior, adequação da formação docente, regularidade do corpo docente, Esforço docente, Complexidade da gestão da escola.

Os indicadores “taxa de rendimento e taxa de Transição”, com informações sobre aprovação, reprovação e abandono, e promoção, repetência, evasão e migração para a Educação de Jovens e Adultos (EJA) serão divulgados ainda no segundo semestre deste ano. Para o MEC, pesquisas como estas são feitas para monitorar, avaliar e elaborar políticas públicas educacionais no país, que conta com 184,1 mil escolas.

A situação se reverte na educação infantil (creche e pré-escola). Nesta primeira fase dos estudos, em que muitos pais trabalham e precisam deixar os filhos em uma creche, o levantamento mostra que as crianças da rede pública passam mais tempo na escola: em média 5,4 horas. Nas privadas o tempo é um pouco menor: 5,1 horas.

Contudo, o levantamento mostra que Mato Grosso segue uma tendência nacional. No país, em 2017, a média de horas-aula diária nas unidades mantidas pelo poder público foi de 5 horas no ensino médio, de 4,6 horas no fundamental, e de 6 horas na educação infantil. Na rede privada, são 5.5 horas no ensino médio, 4,6h no fundamental, e de 6,2 na infantil.

Outro grande problema é a questão de que muitos alunos estão na escola, mas na idade escolar errada. Isso ocorre tanto pela reprovação quanto pela alta taxa de abandono escolar, principalmente, após o ensino fundamental. De acordo com o censo, o setor privado apresenta as menores taxas de distorção idade-série (proporção de alunos em atraso escolar) em todas as etapas do ensino básico.

Em Mato Grosso, a taxa de distorção é de 7.9% no nível fundamental e de 28.2% no médio, no setor público. Já no privado, é de 3.1% no fundamental e de 4.2% no médio.

Outro dado refere-se à média de alunos por turma. No Estado, enquanto as escolas particulares contam com uma média de 13,9 estudantes por turma na educação infantil, de 19.3 no nível fundamental e de 26 discentes no ensino médio, nas públicas essas médias são de 20.1, 21.4, 24.9 estudantes, respectivamente.

Vale lembrar que a taxa de rendimento escolar será divulgada no próximo semestre. Contudo, os dados do Censo 2016 mantém o abismo entre a rede particular e a mantida pelo poder público. Em 2016, por exemplo, a taxa de reprovação no sistema público do Estado foi de 21.4% no nível médio. No privado, foi de 4.3%. Já o abandono foi de 11,3% e 0.4 na mesma etapa de estudo, respectivamente.

Conforme o MEC, os Indicadores Educacionais do Censo Escolar permitem conhecer não apenas o desempenho dos alunos, mas também o contexto socioeconômico e as condições de em que se dá o processo ensino/aprendizagem no qual os resultados foram obtidos.

Segundo o MEC, os indicadores são úteis principalmente para o monitoramento dos sistemas educacionais, considerando o acesso, a permanência e a aprendizagem de todos os alunos. Dessa forma, contribuem para a criação e o acompanhamento de políticas públicas voltadas para a melhoria da qualidade da educação e dos serviços oferecidos à sociedade pela escola.

Para avançar, a Secretaria de Estado de Educação (Seduc) informou que implementou um programa que contempla diversas ações transformadoras nos eixos ensino, estrutura, inovação e esporte e lazer, pensado para tornar as escolas e o ensino mais atrativos.

Segundo a Seduc, apenas em investimentos em construção e reforma da rede física, em 2017 e 2018, serão investidos R$ 360 milhões. Também implantou um sistema para mensurar a qualidade do ensino e da aprendizagem através do monitoramento do ensino de forma mais justa e inclusiva, com chances de aprendizado iguais para todos os estudantes e profissionais da educação.

“O objetivo é acompanhar a prática da gestão administrativa e pedagógica implementada nas unidades escolares da rede estadual, bem como, coletar dados que possam subsidiar as ações e valorizar as práticas exitosas desenvolvidas no âmbito da escola, que impactam significativamente no processo de ensino aprendizagem”.

Informou ainda que implantou 39 “Escolas Plenas” para o Ensino Médio. “As unidades contam com um ensino em tempo integral, alimentação diferenciada e o desenvolvimento do chamado projeto de vida do aluno, onde o estudante é levado a planejar o seu futuro acadêmico e pessoal”, destacou.

Atualmente, são mais 7 mil estudantes atendidos nessas unidades, conforme o órgão estadual. “Porém, a capacidade de atendimento é de 11 mil alunos, ou seja, ainda existem vagas disponíveis. Além da Arena da Educação, primeira estádio-escola do Brasil foi criado dentro dos moldes do projeto Escola Plena e funciona em tempo integral, alinhando o ensino regular à prática esportiva”, frisou. Cerca de 300 estudantes são atendidos no local.

Os profissionais da rede também foram contemplados com processo de formação continuada com foco em práticas de ensino para atender às necessidades dos alunos e do ambiente escolar. Além de um programa de qualidade de vida que promove o reconhecimento e destaca a importância desses servidores. Contam com clube de descontos, academia, aulas e atividades artísticas e culturais, entre outros.

Texto: Joanice de Deus/Diário de Cuiabá