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Assaltos em propriedades rurais aumentam 7,5%: 240 casos em 9 meses
Foram registrados 243 roubos em propriedades rurais somente de janeiro a setembro deste ano em Mato Grosso, segundo a Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesp). No ano passado foram 226 casos, ou seja, um aumento de 7,5%.
Os produtores relatam que os defensivos agrícolas são os principais alvos dos criminosos e, por isso, a insegurança aumenta na época do plantio.
Um funcionário de uma fazenda em Diamantino, a 209 km de Cuiabá, que não quis se identificar, contou que a propriedade foi invadida durante a noite, enquanto ele assistia televisão. Os criminosos ficaram no local por mais de 6 horas.
“Consegui ver uns cinco [ladrões], mas não tinha como reconhecê-los, pois todos estavam de máscara e luva. Teve um que me deu uma coronhada logo quando começou o assalto. Sempre nos ameaçavam. Sob ameaça, a gente não podia reagir”, relatou.
Segundo o funcionário, a propriedade tem um sistema de vigilância com monitoramento por câmeras. No entanto, os equipamentos foram roubados. Além de eletrônicos e veículos, foram roubados também os defensivos agrícolas que seriam usados nas lavouras de soja. O prejuízo estimado foi de R$ 950 mil.
De acordo com o funcionário da fazenda, os assaltantes já sabiam o produto que buscavam.
“Um dos que estavam lá dentro dizia: ‘Esse aqui não, vamos levar aquele outro que é melhor para nós’. Eles sabiam o preço ou já conheciam que tipo de produto eles queriam levar”, disse.
Parte dos produtos químicos foi recuperada pela Polícia Civil e uma pessoa foi presa, segundo o delegado Flávio Stringuetta .
“O que estamos fazendo hoje é uma investigação em conjunto com as unidades das cidades onde acontecem esses crimes. Juntamos todas as ocorrências de várias regiões para tentarmos identificar se essas quadrilhas estão atuando em várias áreas e assim fazer uma investigação mais robusta”, explicou.
O jeito de agir dos criminosos é quase sempre o mesmo, segundo as vítimas. Eles chegam em bando, fortemente armados, rendem os funcionários, fazem ameaças e vão direto aos galpões onde estão os defensivos agrícolas.
Na região noroeste do estado, um produtor de Brasnorte, a 580 km de Cuiabá, disse que a fazenda dele já foi alvo de três assaltos. Na ação mais recente, o prejuízo foi de R$ 800 mil.
A vítima acredita que os assaltos só existam, porque outros agricultores acabam comprando os insumos roubados.
“São pessoas que não querem pagar o valor correto do produto e estão se sujeitando a comprar esse tipo de produto. A gente investe dinheiro para poder ter retorno na lavoura e, infelizmente, acaba passando por essas situações. A sensação é de que isso não vai parar tão cedo”, lamentou.
Ações de prevenção
O Sindicato Rural de Sorriso, a 420 km da capital, promove ações preventivas contra roubos às fazendas da região. Um helicóptero, a serviço da Polícia Militar, é usado para vistoriar o município e orientar os produtores.
Além disso, foi criado um disque denúncia com recompensa para quem tiver pistas de assaltantes que agem na região.
O presidente do Sindicato, Tiago Stefanello Nogueira, afirmou que o telefone para denúncia é de total sigilo para as vítimas.
No município, os produtores também investem em câmeras de segurança e equipes de guarda para cuidar do patrimônio.
“Fica uma sensação de medo. Você não quer trabalhar até tarde na fazenda, não quer dormir na fazenda, os funcionários ficam assustados, mas o que dá para fazer? Estamos em época de safra, então o serviço tem que continuar”, disse um produtor que não quis se identificar.
Texto: G1 MT