Decriminalización de las drogas en Portugal: 20 años después
Bebê morre por falta de UTI e revolta promotor em MT
A morte de um recém-nascido por falta de uma UTI Neonatal no município de Peixoto de Azevedo (691 Km ao norte de Cuiabá), revoltou o promotor de Justiça, Marcelo Mantovani Beato, que por meio de um ofício, comunicou o falecimento em forma de “desabafo”.
“Porque enquanto redigia este mesmo ofício pedindo a atuação extrajudicial de vossa excelência, recebi um comunicado curto, mas igualmente desconcertante, com os seguintes dizeres: “Não precisa mais, ele faleceu hoje de manhã”, diz trecho do ofício encaminhado ao procurador de Justiça da Procuradoria Especializada em Defesa da Criança e Adolescência, Paulo Prado.
O promotor explica que a mensagem que recebeu era do pai da criança, que nasceu na última segunda-feira (26) com dificuldade respiratória e que precisava com urgência de um leito de UTI Neonatal.
De acordo com o promotor, “a ventilação da criança, já intubada, vinha sendo feita manualmente por toda equipe médica, na medida em que o Hospital Regional de Peixoto de Azevedo/MT não dispunha de ventilador automático”, diz outro trecho do ofício que o Gazeta Digital teve acesso.
Ele ainda explicou que, mesmo com o pedido do Ministério Público e com a autorização da Justiça, a vaga não foi disponibilizada pelo governo do Estado.
“Henry, infelizmente, não pode vivenciar a ‘transformação’ que esse Estado tanto propaga em suas campanhas publicitárias, abastecidas com milhões de reais oriundos do erário, mas sem recursos para adquirir um respirador automatizado ou providenciar a abertura de novos leitos de UTI Neonatal”, desabafa o promotor.
“Um Estado que se orgulha dos números crescentes da economia, das lideranças nos rankings de produção e de tantos outros índices financeiros, porém incapaz, sabe-se por quais motivos, de garantir um mínimo de dignidade no tratamento de saúde das crianças e adolescentes pobres, prescrito pelos próprios representantes do Estado”, continua o membro do Ministério Público.
De acordo com ele, a família será orientada a ingressar judicialmente contra o governo do Estado.
Outro lado
O governo do Estado divulgou uma nota lamentando a morte do bebê e ressaltando os procedimentos que foram adotados na tentativa de conseguir um leito de UTI neonatal.
Confira na íntegra
O Governo do Estado de Mato Grosso lamenta a morte do recém-nascido Henry, ocorrida nesta quarta-feira (28.03), na cidade de Peixoto de Azevedo. Henry nasceu no dia 26.03 em Guarantã do Norte e foi transferido no mesmo dia para o Hospital Regional de Peixoto de Azevedo devido a um problema respiratório.
Naquela unidade hospitalar, o recém-nascido foi imediatamente entubado e o médico regulador do SUS solicitou a internação dele em uma UTI neonatal nos hospitais da região. Devido à falta de vagas, a Secretaria de Estado de Saúde tentou, sem sucesso, uma vaga em UTI neonatal no hospital de Tangará da Serra.
A UTI aérea foi acionada para fazer a transferência assim que fosse possível obter uma vaga em UTI neonatal. No entanto, o quadro respiratório se agravou e o recém-nascido faleceu às 6h30 desta quarta-feira, antes de sua transferência para outra unidade hospitalar.
A Secretaria de Estado de Saúde informa que atualmente cerca de 550 leitos de UTI recebem financiamento do Governo do Estado e que suas equipes realizam um rastreamento intenso em busca de leitos vagos de UTI sempre que há demandas reguladas. Entretanto, ainda existe no Estado um gargalo de ofertas de leitos de UTIs, principalmente infantil e neonatal.
A Secretaria de Estado de Saúde ressalta ainda que não tem medido esforços para melhorar a rede pública de saúde e tem colaborado com as prefeituras no custeio de UTIs, média e alta complexidade, atenção básica, farmácia e Unidades de Pronto Atendimento (UPA).
Texto: Pablo Rodrigo/Gazeta Digital