Caiado propõe sessão no Senado para investigar Imperatriz por difamação do agronegócio

O senador Ronaldo Caiado (DEM/GO) anunciou que irá articular uma sessão temática para discutir o samba-enredo da escola de samba carioca Imperatriz Leopoldinense assim que as atividades legislativas retornarem em fevereiro. O enredo tem gerado polêmica em meio ao setor do agronegócio.

A proposta de uma sessão temática para “investigar” a “difamação” do setor do agronegócio por parte da escola de samba carioca foi anunciada pelo senador por meio de publicação em seu site.

A Imperatriz Leopoldinense homenageia neste Carnaval 2017 o Parque Nacional do Xingu e tem como tema de samba-enredo “Xingu – O clamor que vem da Floresta”. 

A escola traz alas chamadas de “Fazendeiros e Seus Agrotóxicos” e “Pragas e Doenças”, além de m determinado trecho do samba enredo chamar os produtores de “belo monstro”, o que tem gerado “revolta” em meio ao setor produtivo mato-grossense e brasileiro, bem como na indústria ligada ao agronegócio.

De acordo com Caiado, ele irá articular com os líderes do Senado para a realização de uma sessão temática no plenário da Casa para que sejam investigados os “ataques” feitos ao agronegócio no samba-enredo.

O parlamentar defende que uma apuração seja feita quanto aos patrocinadores do samba-enredo.

“Assim que retornarem as atividades legislativas vou buscar a realização de sessão temática para discutirmos em plenário os motivos que levaram a Imperatriz Leopoldinense a autorizar um samba-enredo que denigre a imagem do agronegócio, único setor, que diante de uma crise devastadora, deverá ser superavitário. Há tantos graves problemas que o país passa, como a violência, o tráfico de drogas, as facções criminosas e uma escola de samba se ocupa em difamar o setor que deveria ser enaltecido e homenageado na Marquês de Sapucaí”, declarou Caiado em publicação em sua página.

O samba enredo é de composição de Moisés Santiago, Adriano Ganso, Jorge do Finge e Aldir Senna. Nele os indígenas são exaltados como os guardiões da floresta e que o “jardim sagrado” foi descoberto pelo “caraíba” que hoje “sangra o coração do meu Brasil”. A letra ressalta ainda, em tom de crítica ao agronegócio, que “o belo monstro rouba as terras dos seus filhos / devora as matas e seca os rios / tanta riqueza que a cobiça destruiu”.

Carnavalesco defende samba-enredo

Em publicação nas redes sociais no dia 07 de janeiro, o carnavalesco da Impeatriz Leopoldinense, Cahê Rodrigues (veja aqui postagem), afirma que quando a escola “decidiu levar para a Avenida o enredo Xingu, o clamor que vem da floresta, assumiu o desafio de apresentar muito mais que um desfile voltado à cultura e às tradições das etnias indígenas que ocupam o coração do Brasil”.

Ainda segundo o carnavalesco, “O clamor, destacado no título, pode ser traduzido como a voz que teimamos em não ouvir desde o dia em que os europeus descobriram oficialmente estas terras, batizadas com o nome da madeira que, antes da cana-de-açúcar, do ouro, dos diamantes e da escravaria, começou a enriquecer os cofres de Portugal”.

Cahê Rodrigues ressalta ainda em sua publicação nas redes sociais que “Quando decidimos falar sobre o índio e, em especial, sobre a importância da reserva do Parque Indígena do Xingu, nosso objetivo não é outro senão fazer um alerta sobre os riscos que ainda ameaçam as 16 etnias que ali resistem e, indiretamente, muitas outras espalhadas pela Amazônia”.

O carnavalesco pontua ainda que “Nunca foi nossa intenção agredir o agronegócio, setor produtivo de nossa economia a quem respeitamos e valorizamos. Combatemos sim, em nosso enredo, o uso indevido do agrotóxico, que polui os rios, mata os peixes e coloca em risco a vida de seres humanos, sejam eles índios ou não, além de trazer danos em alguns casos irreversíveis para nossa fauna e flora”. Ele completa a postagem salientando ainda que “também chamamos a atenção para o medo e a preocupação permanentes dos xinguanos, que a cada noite temem uma nova invasão de suas terras. Ou imaginam a catástrofe que a usina de Belo Monte desencadeará no ecossistema de toda aquela região, inundando aldeias, igarapés e levando na força de suas águas as chances de sobrevivência de sua gente. Tive a oportunidade de ver isso pessoalmente. Conversei com eles, ouvi a sua angústia”.

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Texto: Olhar Direto