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Caminhoneiros buscam opções à greve, apesar de ameaças
Muitos caminhoneiros ainda tentam digerir a alta de R$ 0,10 no preço do diesel, anunciada na quarta-feira pela Petrobrás. Endividados e em situação financeira precária, eles tentam encontrar uma alternativa para não decretarem greve nas próximas semanas, o que poderia piorar ainda mais o quadro econômico. Mas a ala mais radical da categoria já marcou paralisação para 29 de abril, o que tem provocado mal-estar nos grupos de WhatsApp dos caminhoneiros. Nem todas as lideranças concordam com uma paralisação neste momento.
O representante dos caminhoneiros Wanderlei Alves, conhecido como Dedeco, é o mais ativo na organização da greve no fim do mês. Ele afirma que já está montando a logística da paralisação, mas não quis dar detalhes de como será. “Isso não foi uma decisão só minha, foi decidido em grupo por várias lideranças de caminhoneiros”, ressaltou. Ele acredita que, a exemplo do que ocorreu no ano passado, o movimento deve atingir o Brasil inteiro, crescendo à medida que os dias passam.
A mudança da data, inicialmente prevista para dia 21 de maio, ocorreu por causa do novo aumento do diesel. “Não tem mais condição. Os caminhoneiros estão cientes de que, dentro de 14, 15 ou 16 dias vai ter outra alta do óleo, e esse aumento de R$ 0,10 já afetou em R$ 1 mil o lucro mensal, e o frete continua o mesmo.”
A mobilização, assim como a greve do ano passado, está sendo feita por grupos de WhatsApp fechados apenas para caminhoneiros, conforme o representante. Segundo Dedeco, o efeito da greve na economia poderia ser evitado. “O que eu vejo é o seguinte: o prejuízo da paralisação da economia é o valor que o governo poderia desembolsar para oferecer subsídio no diesel até que o piso mínimo do frete funcionasse para valer.” Dedeco reforçou ainda que a categoria espera uma resposta do governo. “Bolsonaro falou com os índios, será que vai conversar com a gente?”
Outro representante dos caminheiros autônomos, Josué Rodrigues, também disse que apoia a greve do dia 29. “Nós vamos para o Brasil todo, vai ser efeito dominó como em 2018. A maioria dos líderes de verdade decidiu pelo dia 29 de abril”, disse ele ontem ao Estado. “A paralisação resulta por causa desse aumento de ontem e por não cobrar o tabelamento mínimo do frete. Nem acabou de acertar uma coisa e já está aumentando de novo.”
Apesar do descontentamento, há ainda aqueles que preferem aguardar um pouco mais antes de adotar a paralisação. Um dos líderes dos caminhoneiros autônomos que ganharam destaque após a paralisação do ano passado, o presidente da Cooperativa dos Transportadores Autônomos do Brasil, Wallace Landim, conhecido como Chorão, ouviu na quarta-feira, em reunião com os ministros da Agricultura, Tereza Cristina, e da Infraestrutura, Tarcísio Freitas, que as autoridades vão ajudar a “buscar trabalho para a categoria”.
“Fiquei confiante. É mais uma prova de que o governo está dialogando com a categoria, com aqueles que realmente trabalham”, afirmou Chorão, que criticou quem está marcando greve. Sobre o reajuste do diesel, ele disse que a lei do piso mínimo do frete já tem dispositivo que prevê alta do frete quando há reajuste no combustível. “Na lei nós temos o gatilho, ou seja, quando sobe ou cai o preço do diesel, o frete é reajustado. O ministro Tarcísio disse que já vai ver essa questão.”
Na quarta-feira, Freitas afirmou o governo planeja um gatilho para que o aumento do combustível seja imediatamente repassado à tabela do frete. Procurada pelo Estado, a assessoria de imprensa do Ministério da Infraestrutura disse que o ministro não irá comentar o anúncio da greve para o dia 29.
O líder do Comando Nacional do Transporte (CNT), Ivar Schmidt, desaprovou a alta de preço, mas considerou cedo falar sobre paralisação. “Existe a percepção de que o governo atual é muito recente e ainda não teve tempo de trazer uma solução.” Mas advertiu: “Se tiver mais dois reajustes já seria motivo para uma nova greve.”
Texto: Leticia Pakulski, Nayara Figueiredo, Felipe Frazão e Renée Pereira, O Estado de S. Paulo