Casamentos entre homossexuais crescem 111% em 1 ano em MT

Trinta e seis casais gays formalizaram a união homoafetiva em 2017 em Mato Grosso, um aumento de 111% em relação ao ano anterior, quando houve 17 registros. Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e foram divulgados nesta semana.

Durante séculos o casamento foi exclusividade dos heterossexuais. No entanto, em maio de 2013, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) publicou uma resolução que passou a garantir aos casais homoafetivos o direito de se casarem no civil. Com a resolução, tabeliães e juízes ficaram proibidos de se recusar a registrar a união.

Nos registros oficiais, está o casal Everson, de 32 anos, e Jonathan Rosa, de 35. “Nada mais justo que isso ocorra porque o casamento homoafetivo é como qualquer outro. Essa história de família tradicional brasileira é uma mística. A compreensão de família está muito além do casamento, de uma festa ou de opção sexual”, afirma Everson.

Até 2017, o Código Civil reconhecia como entidade familiar “a união estável entre o homem e a mulher, configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família”. A lei foi alterada para estabelecer como família “a união estável entre duas pessoas”, mantendo o restante do texto do artigo.

O jornalista Airton Marques, de 28 anos, e o servidor público Raul Bruno, 25, optaram pela união estável no ano passado por questões burocráticas. Airton vê a conquista como uma forma da comunidade LGBT se afirmar na sociedade.

“Apesar de ser uma questão mais burocrática, vejo que a união estável, perante a sociedade, foi muito importante pra gente. Questão de pertencimento. De que temos direitos assim como todos os outros casais, que constroem uma vida a dois”, explicou.

Airton revelou que o processo de oficialização no cartório foi bem simples. Seu marido levou os documentos para dar entrada, pagou uma taxa e depois os dois foram assinar os papéis. Segundo ele, todo esse processo não durou mais de uma semana.

“Chamamos dois amigos como testemunhas e outra amiga foi no cartório com a gente para tirarmos algumas fotos. E convidamos outros amigos para uma pizzaria à noite. O momento merecia uma comemoração, mesmo que singela”, relembra o jornalista.

Everton, que é consultor de imóveis e cantor, também disse que não encontrou nenhuma dificuldade para registrar o seu casamento. Porém eles optaram por realizar uma grande festa para celebrar a união.

Chuva de arroz

Em março de 2016, Jonathan e Everson oficializaram o noivado com uma festa no condomínio onde moravam. Eles convidaram cerca de 100 amigos e familiares para comemorarem juntos.

“Foi nessa ocasião que eles [família] tiveram certeza das decisões que nós tínhamos tomado. Por enquanto era só um namoro mais discreto, uma coisa mais entre nós e alguns amigos mais próximos”, expôs o consultor.

Pouco depois, eles passaram a sentir a necessidade de se casarem. Em outubro do mesmo ano, eles decidiram realizar o casamento com uma cerimônia com tudo a que tinham direito.

“A gente casou em cartório e fizemos uma festa. Nós contratamos banda, buffet, foi completo. Foi para umas 130 pessoas”. Os dois se conheceram em 2015 quando o consultor passou a seguir o perfil do futuro marido no Instagram, mas Everson contou que já tinha visto Jonathan, que atua como gerente comercial, em outras ocasiões. Saiba mais.

Texto: Bianca Fujimori/Mídia News