Com dinheiro de propina, Silval comprou mansão de R$ 3,5 milhões

Encabeçar uma organização criminosa infiltrada em todos os setores da política mato-grossense não deve se tarefa fácil. Para um merecido descanso, o ex-governador do Estado Silval da Cunha Barbosa adquiriu uma mansão no bairro Jujerê Internacional, em Florianópolis (SC), com dinheiro de propina.

Apenas um entre outros tantos bens, que somam a monta de R$ 59,8 milhões, a mansão de verão de Silval é avaliada em cerca de R$ 3,5 milhões, fica a uma quadra do mar e possui três andares.

Assim como outros seis imóveis, a casa de Jurerê Internacional – Avenida dos Búzios, 2161, está registrada no nome do empresário do ramo de factoring Valdir Piran. Silval adquiriu o imóvel em outubro de 2014.

O ex-governador se recorda que durante a campanha eleitoral daquele ano, sofreu muita “pressão” por parte do deputado Estadual Gilmar Fabris, que estava em campanha para reeleição. Segundo narra, decidiu adquirir a casa “no intuito de ajudar”.

A casa, que à época já estava registrada no nome de Valdir Piran, foi adquirida pelo declarante pelo valor aproximado de R$ 3.500.000,00.

Parte dessa quantia, especificamente R$ 1,8 milhão, foi paga através do proprietário do Posto Bom Clima, identificado como Claudyson (“Kaká”), com dinheiro oriundo de desvios de combustível da Petrobras.

Petrobras? Silval explica: 2 milhões de litros de gasolina foram vendidos ao empresário, a um preço abaixo do mercado. A gasolina em questão era resultado de execuções fiscais que a Petrobras tinha com o Estado. O combustível oferecido como pagamento era distribuído legalmente entre os municípios e, naquela ocasião, foi usado para arrecadar recursos de maneira fraudulenta.

O dinheiro da venda, cujo valor total Silval disse não se recordar, foi drenado para quitar dívidas de campanha mensalinho aos deputados e

Desse dinheiro, R$ 3 milhões foram destinados à campanhas do Partido dos Trabalhadores (PT), R$ 200 mil viraram mensalinho para o deputado estadual Dilmar Dalbosco e R$ 1,8 milhão foram finalizar a compra da propriedade em Jurerê Internacional com Gilmar Fabris.

Fabris recebeu este milhão diretamente de Claudyson.

O ex-governador relata que manteve na mansão a mesma funcionaria contratada por Gilmar Fabris. Cabia a ela executar a limpeza e a manutenção da propriedade.

No ano de 2015, o ex-governador decidiu trocar dispensar a empregada, dona Cacilda, pois queria que o novo funcionário passasse a viver no imóvel. Rodrigo Barbosa, filho de Silval, ficou responsável por encontrar este substituto, pois seu pai já se encontrava residindo em outro endereço, o Centro de Custódia da Capital (CCC), em Cuiabá.

Rodrigo encontrou um novo funcionário e o contratou. Mas este, ao chegar na mansão com mala em mãos, surpreendeu-se com Valdir Agostinho Piran já desfrutando o luxuoso imóvel. Em conversa com Rodrigo, o empresário explicou que tomou posse da casa que estava registrada em seu nome, pois Gilmar Fabris ainda estava lhe devendo dinheiro.

Gilmar Fabris confirmou à família Barbosa que, de fato, ainda estava devendo dinheiro a Agostinho Piran, razão pela qual ele tomou posse novamente da casa.

A narrativa sobre a aquisição da casa encerra neste ponto. Não se sabe ao certo o desfecho, nem mesmo se Silval Barbosa chegou, em algum momento, de desfrutar da mansão que comprou e não ocupou.

Imagens obtidas pelo Google Maps, porém, não mentem. Trata-se de mansão em área nobre de Florianópolis, com entrada subterrânea para carros e três andares

A praia de Jurerê Internacional é uma das mais nobres de “Floripa” e um dos destinos preferidos do verão brasileiro. O bairro de Jurerê, ao contrário dos periféricos de Cuiabá, desapropriados pela gestão Barbosa, são bem organizados e foram amplamente estruturados para a recepção de turistas do mundo todo.

A rua do imóvel do ex-governador fica à quatro quadras da praia, como é possível ver pelo mapa. Mas esta não é a única propriedade de Silval, confira abaixo outras:

Em nome de terceiros:

25% da Fazenda Matão ( área de posse ), localizada no Município de Marcelândia/MT, área com 3.360 hectares no Valor aproximado de R$ 5.000.000,00 (comprada em 2005)

– Fazenda Pantanal, localizada no Município de Pocone/MT, imóvel em nome de Vanderley Torres. Área com aproximadamente 10 mil hectares no Valor aproximado de R$ 15.000.000,00 (em garantia junto ao banco rural para garantir empréstimo em que Vanderley consta como avalista. Comprada anterior ao ano de 2005 )

– 50% da fazenda Bauru, localizada no Município de Colniza/MT, com Matricula N-576, cadastro no INCRA sob o N- 950.068.083.135-7. Área total de 80 mil hectares, com 46 mil hectares livres e desembaraçados ( o restante de 36 mil hectares esta demarcado como de interesse da FUNAI para expansão de reserva indígena l, Valor aproximado da parte de Silval R$ 35.000.000.00, sendo que desse montante é devido a atual proprietária o Valor aproximado de R$ 6.000.000,00

– 86% da área de terra com 45 hectares no município de Sinop/MT, imóvel em nome da empresa Emave incorporadora S.A, cujo diretor e Valdisio Viriato. Valor aproximado (parte de Silval) R$ 600.000, adquirido em 2010.

– 70% da área de terra com 54 hectares no município de Sinop/MT, imóvel com Matricula N-36.815, Valor aproximado (parte de Silval) R$5.000.000.

Bens declarados que estão em nome do ex-governador:

* Casa Matupá/MT com 2.121, 48 metros de terreno e área construída de 918,55 metros, matriculas N-50 17, N-50 18, N- 6004, no Valor R$ 2.440.000,00

* Apto 1801, Edifício Riviera da America, Cuiaba/MT, Matricula N-82.444, no Valor R$ 1.202.290,20

* Apto 402, Edificio Manchester, Cuiaba – MT, Matricula N- 68.876, no Valor R$ 31 0.508,54

* Avião seneca 111, ano 1995, prefixo PT-VRX, no Valor R$ 900.000,00

* Apto 1901, Edificio Riviera da America, Cuiaba – MT, Matricula N-82.446, no Valor R$ 3.276.024,07 (residência do colaborador, ainda em pagamento de financiamento)

* Lote urbano N-I0/ll, quadra 09, com área construída de 360 metros quadrados, no município de Matupá – MT, Matricula N- 4792/4919, no Valor R$ 400.000,00 (OBS: casa escriturada em nome de Antonio da Cunha Barbosa Filho, faltando fazer registro. Casa que mora o Filho de Antonio e seus Netos há muitos anos)

* FAP (Fundo de Aposentadoria Parlamentar) – Obs: existe uma discussão na assembleia legislativa de Mato Grosso sobre a legalidade desse pagamento.

Texto: Olhar Direto