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Conselho de Comunicação Social debate violência contra jornalistas
A violência contra jornalistas foi tema da audiência pública do Conselho de Comunicação Social (CCS) nesta segunda-feira (7). Para o presidente da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), Paulo Tonet Camargo, nunca o jornalismo foi tão importante e tão relevante. “O jornalismo profissional independente, que se responsabiliza pelo conteúdo que assina, em tempos de fake news nunca foi tão importante”, afirmou.
Segundo Tonet, o país vive um momento de intolerância, onde muitos perderam a capacidade de aceitar o contraditório. “Pessoas sem capacidade de verificar a opinião contrária ou de aceitar a diversidade de opinião têm gerado incompreensão do papel dos meios de comunicação na sociedade, que é trazer informação com responsabilidade”, disse.
Números
Ao apresentar números, a presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), Maria José Braga, ressaltou que, apesar da violência contra jornalistas ter diminuído em 2017 em comparação com 2016, foram registrados 99 casos de agressões contra a categoria, número considerado muito elevado. Também preocupa a entidade o fato de terem crescido, mesmo num quadro geral de queda, os casos de censura e de violência contra a organização sindical dos trabalhadores.
Em 2017, segundo dados da Fenaj, também não ocorreu nenhum caso de assassinato de jornalista em decorrência do exercício profissional e houve grande redução de mortes de outros profissionais da comunicação e comunicadores populares. Houve um único caso naquele ano: o blogueiro Luís Gustavo da Silva foi assassinado no Ceará. Em 2016, foram cinco mortes.
O tipo de agressão mais frequente foi a física (26 casos), seguida das ameaças/intimidações (15 casos) e das agressões verbais (12 casos). Em quarto lugar, aparecem as ações judiciais com objetivo de cercear a liberdade de imprensa (11 casos) e, na sequência, a censura interna nas redações.
Papel do jornalista
Depois de relembrar a agressão sofrida por uma equipe do Correio Braziliense, em 5 de abril, a editora-chefe do periódico, Ana Debeux, afirmou que hoje os profissionais trabalham apreensivos. “Complicado não poder trabalhar porque um grupo acha que você é inimigo”, ressaltou. A jornalista lembrou que a repórter teve escoriações leves graças ao equipamento de proteção individual, exigido nesse tipo de cobertura.
Na ocasião, pelo menos 30 manifestantes partiram para cima do carro do jornal, no qual estavam os profissionais, e quebraram um dos vidros do veículo. Os profissionais cobriam um ato contra a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que havia sido decretada naquele dia pelo juiz federal, Sérgio Moro.
Os debatedores enfatizaram a importância do papel do jornalista na democracia brasileira e a importância do debate sobre a questão. De acordo com a Classificação Mundial de Liberdade de Imprensa, divulgada pela organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF), o Brasil ocupa este ano a posição 102ª no ranking dos 180 países com mais liberdade de imprensa.
Segundo a organização, as dificuldades são agravadas pela falta de um mecanismo nacional para a proteção dos profissionais da mídia e por um clima de impunidade alimentado pela corrupção onipresente.
Conselho
Criado pela Constituição de 1988, com 13 membros titulares e igual número de suplentes, o Conselho de Comunicação Social tem como função a realização de estudos, pareceres, recomendações e outras solicitações que lhe forem encaminhadas pelo Congresso Nacional a respeito de suas atribuições, previstas na Constituição Federal (Título VIII, Capítulo V, artigo 224) e na Lei 8.389/1991 (artigo 2º).
Texto: Agência Brasil