David Miranda assumirá vaga de Jean Wyllys na Câmara

De acordo com a Secretaria-Geral da Câmara, o suplente do deputado federal Jean Wyllys, que anunciou a desistência do novo mandato em razão de ameaças, é o vereador carioca David Miranda (PSOL-RJ). Em entrevista ao G1, David disse que vai tentar dar sequência ao trabalho do primeiro representante da comunidade LGBT a assumir uma vaga na Câmara dos Deputados.

“Eu sinto como mais um trabalho que necessita ser feito. Eu sou vereador aqui no Rio de Janeiro, consegui passar muitas leis aqui e sinto que em Brasília eu posso entregar muito mais. Na luta pela comunidade LGBT, contra o extermínio da juventude negra que é morta todos os dias na favela”, disse Miranda, que foi o primeiro vereador assumidamente LGBT a ser eleito no Rio.

Para o suplente, Jean Wyllys não sai enfraquecido com a decisão.

“É uma situação muito complicada e delicada, ele é um guerreiro muito forte, sempre lutou do nosso lado. É muito triste ver ele saindo da política dessa forma. Mas não vejo ele saindo enfraquecido de forma alguma, pelo contrário. Ele sempre vai ser essa figura de força. “

Suplente de David Miranda, Dr. Marcos Paulo (PSOL-RJ) assumirá a cadeira dele na Câmara Municipal do Rio.

Perfil

David foi eleito vereador em 2016 no Rio com 7.012 votos. Na eleição para deputado federal em 2018, teve 17.356 votos, tornando-se o primeiro suplente para a vaga de Jean Willys.

Nascido no Jacarezinho, na Zona Norte do Rio, tem 33 anos de idade. Suas bandeiras políticas são a luta contra o racismo, a LGBTfobia e a luta contra a criminalização da pobreza, além de preservação dos direitos dos servidores públicos do Rio.

David é casado com o jornalista Glenn Greenwald e fez parte da equipe que investigou as denúncias de espionagem do governo americano feitas por Edward Snowden. Foi detido pelo governo britânico em 2013 e processou o governo do país, vencendo a ação.

Marielle Franco

Durante a conversa com o G1, David citou a amiga e colega vereadora Marielle Franco, executada em 14 de março de 2018. Em seu site oficial, ele conta todos os dias desde a morte: nesta quinta, são 317 dias desde o crime, que segue sem solução.

“Lembro de como ela estava sempre do meu lado. Minha grande amiga Marielle foi assassinada, procuramos por respostas até hoje”, lamentou David.

Texto: G1