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Delator, Martelli diz que Maggi avalizou esquema de propina
O empresário Genir Martelli, sócio do Grupo Martelli Transportes, afirmou que o ministro da Agricultura, Blairo Maggi (PP), em reunião ocorrida em 2009, avalizou um esquema de pagamento de propina em troca de créditos tributários a transportadoras. A declaração consta em depoimento da delação premiada firmada pelo empresário, na Operação Ararath.
A delação de Genir Martelli, assim como a do ex-governador Silval Barbosa (PMDB), embasou a deflagração da Operação Malebolge, no dia 14 de setembro, que teve Blairo Maggi como um dos alvos de buscas e apreensões.
O empresário contou que, durante a gestão de Maggi como governador, foi editado um decreto que concedeu créditos tributários às transportadoras.
Em troca, ficou acordado que o Grupo Martelli e as transportadoras Transoeste Logísitca e Bergamaschi Transportes deveriam devolver ao grupo político de Maggi, por meio do então secretário-chefe da Casa Civil, Eder Moraes, o montante de R$ 23 milhões.
Segundo Genir Martelli, na mesma época, o grupo de Silval e Maggi assumiu dívidas políticas no valor de R$ 16,5 milhões junto ao BicBanco.
Em razão disso, Eder começou a pressionar ele e seu irmão Luiz Martelli (que faleceu em 2014) a assumir tais dívidas perante o banco e outros débitos com o empresário Júnior Mendonça – delator e operador financeiro do grupo.
“Eder de Moraes Dias determinou que eu o acompanhasse no carro oficial (SW4 preta) e me levou no Bic Banco […] Na reunião na sede do Bic Banco, na cidade de Cuiabá/MT, com Luiz Carlos Cuzziol (gerente) e Eder de Moraes Dias, eu tomei conhecimento de que a quantia de R$ 16,5 milhões deveriam ser repassadas ao Bic Banco, por meio de notas promissórias. Por meio de ligações telefônicas, Luiz Carlos Cuzziol me convidava para tomar um café no Bic Banco e quando eu comparecia, Luiz Carlos Cuzziol me pressionava para assinar as notas promissórias”, diz trecho da delação.
No entanto, Genir disse que temia assumir as dívidas sem a certeza de que os créditos de ICMS seriam de fato compensados. Isso porque o decreto previa que os valores seriam pagos pela BR Distribuidora, que havia adquirido a titularidade dos créditos.
“A resistência inicial em assinar as notas promissórias no BicBanco se dava justamente porque embora o procedimento tributário estivesse ajustado, ainda não havia sido concretizado, ou seja, ainda não havia recebido o valor do crédito. A pressão era tão grande que eu disse ao meu irmão Luiz Martelli que não estava aguentando mais”, disse o delator.
Reunião com Maggi
Como o nome de Blairo Maggi era usado pelo gerente do BicBanco, Luiz Cuzziol, que alegava que o ex-governador sabia das dívidas pendentes, Genir contou que seu irmão Luiz Martelli pediu uma reunião com o ex-governador, “pois imaginou que, na época, essa seria uma maneira de se esquivar da pressão”.
De acordo com o delator, Eder Moraes agendou a reunião com Maggi no escritório da Amaggi, empresa que pertence ao ministro e membros da sua família.
“Participaram da reunião: eu, Luiz Martelli, Eder de Moraes Dias, Marcel de Cursi [ex-secretário de Fazenda] e Blairo Maggi. Eu e meu irmão Luiz Martelli chegamos na reunião na parte da manhâ. Entramos na sala do Blairo e para minha surpresa o Marcel de Cursi estava na ponta da mesa sentado. Blairo Maggi estava numa cadeira atrás da mesa e haviam mais outras cadeiras vazias onde sentou eu e o Luiz Martelli. Na hora que eu cheguei com meu irmão, Blairo e Marcel estavam conversando assunto de família”, afirmou o delator.
Genir Martelli disse que a presença de Marcel foi “uma surpresa”, pois, quando tratou com Eder sobre a devolução da propina, “o Marcel não estava presente”.
Texto: Mídia News