Desembargador nega soltura de ex-comandante da PM em MT preso por grampos

O desembargador Paulo da Cunha negou, nesta terça-feira (30), pedido de soltura do ex-comandante da Polícia Militar de Mato Grosso, coronel Zaqueu Barbosa. Ele está preso há uma semana pela suspeita de envolvimento em um esquema, operado por PMs, que grampeou jornalistas, políticos, advogados e médicos, entre outras pessoas, nos anos de 2014 e 2015. Ainda cabe recurso da decisão.

A prisão preventiva de Zaqueu foi decretada pelo juiz Marcos Faleiros, da 11ª Vara Militar, porque o coronel seria o mandante da ordem para as interceptações telefônicas clandestinas. Além dele, também está preso o cabo Gerson Luiz Ferreira Correa Junior, responsável pelos pedidos à Justiça para inclusão dos telefones das vítimas numa suposta investigação de tráfico de drogas envolvendo PMs.

Um dos argumentos usados pelo advogado Flávio Ferreira ao pedir a soltura do coronel foi que a decretação da prisão não poderia ter ocorrido se antes da instauração de inquérito policial. O desembargador, porém, afirma que quando Zaqueu foi preso já havia sido instaurado inquérito na PM para apurar o caso. O magistrado criticou o esquema dos grampos.

Paulo da Cunha afirma ainda que a Justiça e o Ministério Público foram induzidos ao erro, “com a finalidade de se obter a invasão de privacidade de diversas pessoas, algumas inclusive com prerrogativas de foro, para atender interesses pessoais ilícitos”. Para ele, é necessário manter a prisão de Zaqueu devido à gravidade dos fatos apurados e para manter a ordem pública.

O esquema

A PM, por meio do Núcleo de Inteligência, incluiu os telefones de pessoas que não eram suspeitas de crimes numa suposta investigação sobre tráfico de drogas envolvendo PMs. O coronel e o sargento apontados como traficantes, porém, dizem acreditar que a apuração foi forjada com o intuito de grampear políticos, advogados, jornalistas, médicos, entre outros. A corporação ainda não se posicionou sobre o resultado dessa suposta investigação.

Acionada pelo promotor de Justiça Mauro Zaque, secretário de Segurança Pública do estado em 2015, a Procuradoria-Geral da República apura se o governador Pedro Taques (PSDB) sabia do esquema e quem seria o mandante das interceptações feitas de forma fraudulenta.

Zaque afirma que alertou o gestor duas vezes em 2015 sobre o crime. O chefe do Executivo estadual diz que recebeu um ofício sobre a denúncia – encaminhado ao Gaeco e arquivado por falta de provas – e que o outro, que o ex-secretário alega ter entregado, foi fraudado.

Texto: G1-MT