Dezoito investigados da PF na 'Terra Prometida' seguem foragidos em MT

Quatro dias após o início da operação “Terra Prometida”, 18 pessoas investigadas pela Polícia Federal (PF) em Mato Grosso permanecem foragidas. O balanço foi divulgado pela própria PF nesta segunda-feira (1), dia no qual também foi realizada a última prisão até o momento, a do fazendeiro e ex-sindicalista Bento Sangiovo.

Investigado como um dos líderes de uma suposta quadrilha voltada a fraudes em terras da reforma agrária, Sangiovo tinha mandado de prisão expedido contra si, mas entregou-se à PF.

Sangiovo já negou os crimes à Justiça. A reportagem tentou contato com a defesa de Sangiovo, mas sem sucesso.

Agora, estão presos 34 dos 52 alvos de mandados de prisão preventiva expedidos pela Justiça Federal para a operação. Nenhum dos presos obteve até o momento qualquer decisão judicial para sua soltura, afirmou a PF.

A assessoria de imprensa da PF também informou nesta segunda-feira que os agentes envolvidos na operação devem passar a se concentrar na análise da documentação e dos materiais apreendidos mediante mandados de busca e apreensão expedidos com base nas investigações sobre a suposta quadrilha. A análise dos itens apreendidos é primordial para basear o inquérito, cujo relatório deverá ser encaminhado em seguida aos órgãos judiciais competentes.

Entregue à PF, Sangiovo é fazendeiro e ex-presidente do Sindicato Rural de Itanhangá (cidade a 447 km de Cuiabá). Ele foi apontado pela denúncia do Ministério Público Federal (MPF) como parte do núcleo de liderança da suposta quadrilha investigada.

Segundo apontado nas investigações, ele possuiria “influência política e financeira” até mesmo no Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e teria – em nome de “laranjas” – diversos lotes dentro de uma área de assentamento de Itanhangá, região onde se concentram os principais crimes investigados na operação. Em depoimento à Justiça, Sangiovo negou explorar ilegalmente terras destinadas à reforma agrária.

Além de Sangiovo, dentre os 34 presos da PF estão os pecuaristas Odair e Milton Geller, irmãos do ministro da Agricultura, Neri Geller. Com mandados de prisão contra si, eles também preferiram se apresentar à PF por conta própria na noite do dia em que a operação Terra Prometida teve início. Eles também negaram qualquer tipo de envolvimento com os esquemas investigados.

Advogado dos irmãos, Murillo Silva Freire informou à reportagem por telefone no final da tarde desta segunda-feira que ainda estava confeccionando um pedido de Habeas Corpus em benefício deles.

Quanto à prisão dos irmãos, o ministro Neri Geller falou pela primeira vez no último sábado (29). Ele defendeu os irmãos e se dissse de “consciência tranquila” a respeito do trabalho da PF. “Não estou sendo investigado, mas mesmo se estivesse, não teria problema algum”, sustentou o ministro.

Entenda o caso

Com base em indícios de fraude no projeto de assentamento de Itanhangá desde 2010, a operação Terra Prometida combate crimes de corrupção, fraudes, invasão de terras públicas e crimes ambientais. Conforme a denúncia apresentada pelo MPF à Justiça Federal, a quadrilha investigada se articulava em quatro núcleos, sendo o primeiro formado por fazendeiros e empresários que direcionavam as ações do grupo.

Texto: G1