Em CPI, Galvan nega que Aprosoja financiou atos antidemocráticos

O presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil), Antônio Galvan, decidiu permanecer calado sobre as denúncias que seu filho, Rafael Galvan, faz contra o pai, que o mesmo teria realizado contratos de advocacia com sua amante. “Eu vim aqui para falar sobre outro assunto, sobre isso eu prefiro não comentar”, disse Galvan.

O ex-presidente da Aprosoja-MT está depondo neste momento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Renúncia Fiscal sobre denúncias de que estaria usando recursos públicos através de Fundos que iriam para a entidade. Sobre esses questionamento, Galvan voltou a afirmar que não existe dinheiro público na Aprosoja, e que os repasses dos produtores para o Instituto Mato-grossense do Agronegócio (Iagro) seriam privados. O fato está sendo investigado pela Procuradoria Geral da República (PGR).

O presidente da CPI, Wilson Santos iniciou falando sobre a denúncia do filho de Galvan, que acusa o pai de mal uso do recurso da entidade durante a sua gestão. Wilson chegou a ser interrompido pelo deputado estadual Gilberto Cattani, que questionou se a denúncia estaria oficializada na CPI.  “O senhor gostaria de estar aqui como advogado ou como deputado?”, indagou Wilson Santos. Cattani afirmou que só fez um questionamento.

“Me reservo o direito de falar somente isso, só responderei se tiver formalizado em documento”, disse Galvan sobre o assunto. Já ao ser questionado sobre o possível recebimento de recursos do Fethab, Galvan negou. “Na minha gestão não. Todos os recursos que vão pra nossa entidade é de cunho privado”, rebateu.

A Aprosoja-MT já recebeu R$ 138 milhões em dinheiro público desde que o ex-presidente da entidade, Antônio Galvan, assinou o convênio 2/2019, com a Secretaria de Estado de Fazenda (Sefaz). O convênio foi firmado para que o dinheiro do Fundo Estadual de Transporte e Habitação (Fethab) seja destinado ao Iagro, conforme lei estadual criada em 2019.  

“Nós vimos isso só na mídia, mas é apenas uma suspeita, não é certeza. A gente ainda não teve acesso ao inquérito do Supremo Tribunal Federal (STF)”, disse Galvan. Recentemente o filho de Antônio Galvan, Rafael Galvan,  acusou em um grupo de whatsapp que o contrato com Boaventura só teria ocorrido por conta de um caso extraconjugal entre seu pai e a advogada. Nas mensagens em um grupo do condomínio Splendore, Rafael diz que a atual mulher do pai só teria ganhado os contratos por ser amante de Galvan.

“Mostre pro teu pai aonde que está essa corrupção na Aprosoja? Quero que me mostre com provas a mão”, disse Antônio Galvan em resposta ao filho. Paula Boaventura chega a pedir desculpas aos vizinhos e diz que suas ações na Aprosoja não teria ilegalidades.

Porém, dos contratos com problemas na documentação que foram identificados pelo Conselho Fiscal estão com a advogada Paula Boaventura. Em um dos contratos jurídicos, o Conselho recomendou o não seguimento de um contrato. Porém, a gestão pagou R$ 400 mil aos advogados. O valor total chegava a R$ 8.4 milhões, já que estava previsto mais 4 parcelas de R$ 2 milhões.

Vazio sanitário

Questionado sobre a acusação de que teria plantado soja durante o período proibido, Galvan disse que a pergunta não teria nada ‘a ver’ com a CPI, mas que se fosse uma curiosidade do presidente da Comissão, ele responderia. “Essa sua pergunta não tem nada a ver com sonegação, acredito que é uma curiosidade sua. Se criou esse calendário de plantio sem base científica”, disse se referindo o vazio sanitário.

Vázio sanitário da soja é o período em que é proibido manter nas lavouras plantas vivas de soja. Para respeitar o vazio sanitário, após a colheita da soja, o produtor precisa destruir as plantas por meio da aplicação de produtos químicos ou com métodos físicos. A proibição do cultivo no período entre 1º de julho e 15 de setembro para evitar que o fungo causador da ferrugem da soja se multiplique durante o final da entressafra. 

“Os chefões não aceitam, nós defendemos o pequeno produtores. Nós investimos em pesquisa para que o produtor possar plantar com a sua própria semente sem precisar pagar os grandes da semente”, afirmou.

Manifestações de 7 de setembro

O deputado estadual Carlos Avalone questionou Galvan se houve recurso publico nas manifestações de 7 de setembro.  Ele voltou a negar e disse que já explicou em seu depoimento à Polícia Federal. “Nós não fomos especificamente ao Bolsonaro e sim ao governo instituído que está fazendo um governo bom. Mais de 30 milhões das pessoas que foram pra rua e que aprovam esse governo. Defender as nossas liberdades”, disse.

“Não existe recursos da aprosoja nessas manifestações. Os recursos são poucos. Cada um bancou a sua ida. Eu deixei isso claro. Agora me incluiram nisso [investigação] por conta de uma fala do cantor Sérgio Reis. Como é que eu ia impedir que um artista como Sérgio Reis fosse na Aprosoja?”, completou.