Empresa pagou R$ 1,5 milhão para Savi e Silval garantirem contrato no Detran

A efetivação do contrato entre o Departamento de Trânsito (Detran) e a empresa EIG Mercados garantiu o pagamento de R$ 1,5 milhão distribuídos igualmente às campanhas eleitorais do deputado estadual Mauro Savi (PSB) e do ex-governador Silval Barbosa (sem partido) em 2010. A empresa faz parte de uma suposta organização criminosa, que atuava junto ao Detran, para desvios de recursos.

A informação faz parte da denúncia do Ministério Público do Estado (MPE), utilizada como base para deflagrar a Operação Bereré, executada pelo Grupo de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e a Delegacia Fazendária (Defaz), na manhã desta segunda-feira (19).

Foram alvos os deputados Mauro Savi e Eduardo Botelho, o ex-deputado federal Pedro Henry, além de servidores, particulares e das empresas FDL Serviços de Registro, Cadastro, Informatização e Certificação de Documentos Ltda, atualmente conhecida como EIG Mercados.

e acordo com a denúncia do MPE, o ex-presidente da autarquia, Teodoro Moreira Lopes, conhecido como Doia, narrou em sua delação premiada que foi nomeado para ser titular do Detran por intermédio de Savi.

Disse que em 2009 foi convocado por Savi para uma reunião em seu gabinete com Marcelo da Costa e Silva e Roque Anildo Reinheimer, que ofereceram a execução da atividade de registro junto ao Detran dos contratos de financiamento de veículos, com cláusula de alienação fiduciária, de arrendamento mercantil, de compra e venda com reserva de domínio ou penhor.

O serviço seria executado por Merison Marcos Amaro, representante da FDL Serviços de Registro, Cadastro, Informatização e Certificação de Documentos Ltda, atualmente EIG Mercados. Na semana seguinte, após a reunião, Doia se encontrou com Merison no escritório do Marcelo da Costa e Silva.

Na oportunidade, Marcelo, segundo a denúncia, comprometeu-se a repassar o valor recebido pela EIG Mercados em razão do futuro contrato a ser formulado com o Detran. O valor seria equivalente a um mês de pagamento às campanhas eleitorais de Savi e do ex-governador Silval Barbosa (sem partido). Após efetivação do contrato, a empresa repassou R$ 750 mil a cada um dos políticos.

Ainda segundo Doia, para garantir a “legalidade” do contrato ele obteve o edital de licitação vencida pela EIG Mercados no Piauí e determinou que a comissão de licitação do Detran confeccionasse o edital de licitação nos mesmos moldes.

Além disso, foi incluído uma clausula atinente a exigência de que o vencedor teria que realizar vistorias prévias em todas as Ciretrans de Mato Grosso, a pedido de Marcelo da Costa.

Após a formalização do contrato, Doia, Savi, Marcelo e o deputado Eduardo Botelho, o ex-chefe de gabinete de Silval, Silvio Cesár Correa, Claudemir Pereira dos Santos e Eduardo da Costa e Silva, além de Rafael Yamada Torres, organizaram-se para garantir a continuidade do contrato.

Em troca, eles teriam recebido propina de 30% do valor recebido pela EIG Mercados repassados por intermédio de empresas “que foram criadas em nome dos integrantes da rede de proteção do contrato”.

Ameaças – Doia contou ainda que, no final de 2010, tentou ajustar o contrato para que recebesse uma parte maior relacionada à sua execução, o que por consequência diminuiria o lucro da EIG Mercados. No entanto, Dauton Luiz Santos Vasconcelos ameaçou Doia de ser destituído do cargo, em nome do deputado Savi.

“Que o declarante se recorda que no final do ano de 2010 tentou aumentar os repasses do Estado dos valores recebidos pela FDL [atual EIG Mercados], oportunidade em que foi visitado pelo assessor do deputado Mauro Savi , sr Dalton Vasconcelos, que fez o declarante entender que “o deputado Mauro Savi iria retirar o apoio político do declarante […]”.

Texto: Karine Miranda/Gazeta Digital (GD)